sábado, dezembro 23, 2006

São desenhos em caixa de presente. É preciso ter cuidado para não ir ao lixo: é o verso que é raro.

Falar de fotos é clichê, então olho para os crachás, cartões, até um pouco de lixo acumulado, histórico de pagamentos.

Embalei os últimos presentes, arrumei as revistas, fiquei de recesso. Dez dias totalmente livres, depois de 3 anos.

E, lá por dentro, certos planos e vontades dessa cidade que, à despeito do movimento e do sono, nunca esteve tão vazia.

Hoje foi dia de faxina.

terça-feira, dezembro 12, 2006

(Atenção: apenas para quem já assistiu a 2º temporada de LOST)

O último episódio me deixou em êxtase. Como eu não havia notado?! Quando dois brasileiros apareceram, jogando xadrez, matando trabalho na hora do "serviço", tudo se esclareceu para mim! Nada de ET's, purgatório, nanotecnologia ou delírios: Lost é, sem dúvida alguma, uma grande sátira do... Brasil!!!

Como não?! Primeira aquela estátua de quatro dedos. Pode até ter sido construída em homenagem ao nosso presidente, ou um contraponto à Cicarelli, mas o principal mesmo é que só tinha o pé. Ela não foi destruída: as verbas foram cortadas para pagar juros da dívida externa ou mesmo desviadas para pagar luxos em contas externas. Incompleta, a estátua é um ode à BR-116!

E até mesmo na História da ilha lembramos no nosso pobre BraZil. A gente fica sempre achando que os sobreviventes da queda do avião são como Cabral, que por acaso descobriu uma terra de sombra e água fresca. Ledo engano: já tinha inglês, francês, canadense... E a terra intocada sofre é de superpopulação! Chega-se ao ponto de sequestrarem bebês, que maldade! Ou seria para tráfico de órgãos?!

Do grupo de pessoas, nada mais brasileiro: um médico com milhares de pacientes para atender, um trapaceiro (Sawyer), uma foragida da polícia (Kate), um drogado (Charlie), um mafioso (Jin) casado com a adúltera (Sun), um vagabundo (em que o Michael trabalha mesmo?) alguns psicopatas (Locke, Hurley, Sayid, etc.) e um monte de inocentes que estão lá somente para concordarem com esse clã da safadeza. Acho que na terceira temporada vai ficar claro que são eleitores.

Depois se juntam um padre que na verdade é traficante de drogas, uma falsa psicóloga que deve ter um diploma comprado, um hippie da praia de iracema (Desmond, brô) e uma policial que executa os suspeitos. Aliás, as prisões em Lost em nada diferem do Carandiru: uma é um buraco no chão, a outra, um quarto apertado e escuro. E mais: na dúvida, torturam. Não que os presos brasileiros sejam bonzinhos. "Os outros", está claro, nada mais são que uma versão praieira do PCC. Eles, de dentro da cadeia, mobilizam o mundo inteiro, fogem e ainda matam um monte de gente. E aquelas roupas velhas, amarrotadas, barbas falsas e fazer questão de assustar?! Claro! Iam bem perder a chance de receberem o bolsa família?

Já a Iniciativa Dharma não me lembra outra coisa que não as fundações e ONG's. Superfaturam a verba e ainda compraram equipamentos da década de 60. Fornecem alimentação genérica (eu nunca vi biscoito Dharma! Aquilo deve ser feito sem emissão de nota fiscal) e os pilantras em terra ainda saqueiam a comida dos outros. Outra coisa: o trabalho, plenamente burocrático, é puramente fantasioso. Preencheram um monte de caderninhos e NADA! NADA! Se bem que a idéia era boa: apertar um botãozinho todas as vezes que o Lula falasse uma besteira, o que dá, aproximadamente, uns 108 minutos.

Quanto aos números (4, 8, 15, 16, 23, 42), MOLEZA! É só olhar de trás pra frente: 42, 23, 16, 15, 8, 4... Facilitou?! Ainda não?! É tão óbvio! Trata-se da quantidade de deputados presentes nas sessões de cassação de mensaleiros, sanguesugas e outros membros da Iniciativa Dharma, ou seja: sempre descrente, SEMPRE.

Não vejo a hora, agora, de assistir a terceira temporada. A participação de mais um brasileiro (Rodrigo Santoro) já deixa bem claro o rumo que a coisa vai ter. Acho que a ilha deserta nem fica no meio do pacífico, pode ser ali mesmo no lago Paranoá ou na Baía da Guanabara. O avião caiu, óbvio, por falha do controle aéreo e o rádio só dá em interferência porque na verdade é uma estação transmitindo funk.

Já não tenho dúvidas: é nós que ta lost...

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Nunca fui fã.

É sério, isto eu nunca fui. Posso gostar, já ter ido para 10 apresentações e há nove anos ouvir. Mas fã, nunca.

Acho que isso explica um pouco a longevidade. De... De tão simplesmente gostar. De ouvir e achar agradável, depois tatear outras músicas e esquecer por algumas semanas que existe.

E volta. E, quando volta, não ficar com aquele pensamento meio inocente que a gente pode trocar de sonho 10 vezes em um ano, mas quando uma banda troca de formação é porque não tem identidade.

Não interessa se toca na rádio ou se estou em 1986: vou ouvir mesmo assim. E pouco importa se os supostos fãs ao meu lado se comportam como torcida organizada: eles gostam ao seu jeito. Mesmo que seja um gosto superficial, um gosto que vem forte, que envolve cabelo, olhar, grito e histeria. E vai tão rápido quanto vem.

Ali do lado eu, já parecendo um velho, sorrio com a letra que os outros se enfurecem em não saber cantar. Sem mesmo pensar que existiram fãs especiais; lembrando que aquela música está ali para todos. E não é todo mundo que sabe que vão voltar quando gritam pela volta. Não tenho porque me preocupar com contradição quando ela é tão bem aceita.

"O que nos dá coragem
não é o mar, nem o abismo
é a margem no limite
de sua negação"

segunda-feira, novembro 27, 2006



Que, se não há Deus, não consigo explicar. Motivo do rosto parado, já sem sono, mas sem vontade de levantar um dedo. Só os olhos.

Que é alívio, prazer, contentação; mas pode ser dor, confusão, dor de cabeça e uma vontade danada de sumir. Não, não é sumir. Não existir. Que, se não há um Deus, pelo menos existe. E se não há nem ele nem ela, a curva ficaria apertada.

Nasce o pôr do sol e não vejo. E uma só palavra me faz um deus, ou demônio. Corpo flutuante na água salgada ou pés velozes na areia da praia. Que faz a integridade ser pó só para depois juntar cada um dos pedaços. Que dá a incompletude para ser complemento; ausência pela razão de existir.

Meu amor que é como um aspirador de pó.
E todos as demais coisas.

sábado, novembro 25, 2006

"Obladi, oblada
Life goes on, bra
La la how the life goes on
Obladi, oblada
Life goes on, bra
La la how the life goes on"

Os Beatles são foda.
E agora eu vou dormir.

"Flor nas janelas da casa
Olho no seu inimigo
Você também
Se dá um beijo dá abrigo
Se dá um riso um tiro"


Houaiss

pronome indefinido
1 a totalidade das coisas, dos seres

1.1 o total das coisas ou seres que são objeto do discurso

1.2 a totalidade das coisas (concretas ou abstratas), sem faltar nenhuma

1.2.1 todos os atributos, todas as qualidades

1.3 todas as pessoas, todo mundo; todos, o pessoal

2 o que é importante, essencial; o que de fato conta

Um tiro
Abrigo

sexta-feira, novembro 24, 2006

"Mas se você ainda quiser me matar
Mate-me logo, à tarde, às três, que à noite tenho um
compromisso
E não posso faltar por causa de você"

E não vou perder nada por você. Nem por mim.
Que preciso que mate.
À tarde. Às três.

domingo, novembro 19, 2006

Chevette velho

É tão óbvio que vou morrer num dia de domingo que já nem me atrevo a lembrar que as coisas mais importantes da minha vida acontecem nesse dia, ironicamente, a ser guardado para a igreja. Hoje eu penso muito mais em como seria esse tal domingo.


Definitivamente, não seria de ressaca. Nem longe de casa. Não será num sinal fechado, numa curva apertada, com uma turbina perdida, ou muito menos com aparelhos e sensores. Faria uma exceção para Aparelhos e senhores censores.

Mas ac
ho que vai ser um dia como... como hoje. Que são 9 horas, e o dia parece que já vai longe. Que não estive sozinho na cama, nem na risada, nem nas longas histórias, nem no mesmo copo, nem na roda de churrasco temperado de cachaça e cerveja. E nem sequer precisar beber! De não ter limpador para os vidros, e só ri do Coutinho rindo. E ter tantos outros que poderiam estar ali.

Um dia bem sóbrio. De ler o jornal, ir deixar alguém amado pela manhã, ouvir Roberto Carlos, não na voz dele, é claro. Um leite, um suco, chinela ao sol para ficar limpa. Comprar ingresso para show da banda que eu mais gosto, marcar a hora de ver a esquadrilha da fumaça. Prometendo que depois vou ler aquelas revistas.


Eu nem me a
trevo a explicar o porquê de, feito o Chico Science, ser uma criança de domingo. Que dirige com calma, mas às vezes falta uma atenção. Que é tranqüilo, mas às vezes coloca tanta coisa para fazer que não sabe se resiste aos próximos 6 dias. Mas sorri com o novo boné ganho. Fruto da criatividade: "Para quê você travaria uma guerra?". Flyboys! E azul escuro é minha cor preferida.

Eu nem me atrevo, ouso, espero, pretendo explicar porque eu vou morrer num dia como hoje. Só aviso que, se for mais ou menos assim, será numa tremenda paz. Na minha paz de chamar a metade do
mundo de filha da puta. E a outra de meu amor. De querer destruir tudo; e amar ao mesmo tempo. De não sabe passar as marchas, mas mesmo assim ter uma bela noite. De ter vertigem, mas sonhar em fazer manobras de ponta-cabeça.

Esse maravilhoso mundinho de ponta cabeça.

segunda-feira, novembro 13, 2006

"Selva
A gente se acostuma a muito pouco
A gente fica achando que é demais
Quando chega em casa do trabalho quase-vivo

Selva
A gente se acostuma a muito pouco
A gente fica achando que é o máximo
Liberdade para escolher a cor da embalagem

Nessa selva
a gente se acostuma a muito pouco
A gente fica achando que é normal
Entrar na fila, pagar ingresso, pra levar porrada

Selva
Nessa selva
a gente se acostuma a muito pouco
A gente fica achando que é demais
Um pouco de silêncio e um copo de água pura

Selva
a gente se acostuma a muito pouco
A gente fica achando que é o máximo
Se o cara mente mas tem cara de honesto

Selva
A gente se acostuma a muito pouco
A gente fica achando que é normal
Finge que não vê, diz que não foi nada
E leva mais porrada

No meio de tudo, você
me salva da selva
me salva na selva
acima de tudo, você."

(E às vezes eu acho que só pode ser mesmo feito para eu gostar)

terça-feira, novembro 07, 2006

Un, deux, trois, quatre, cinq, six, sept, huit, neuf...

Fica incompleta, incontada, incerta. Um avião que chega a menos. Pelo menos, nos nossos tempos, não se morre: um atraso de 1 hora, no meu caso, de 15 horas, do amigo que vem de nem tão longe, ou férias adiadas, no caso de outro. Mesmo assim: Um, dois, três. Até dez. Respira. Só assim para não explodir.

Biófilo.

Na mão que aperta o dedo até o doer. No suor, pele, em pêlo, teso... você. Você que chora, você que ri, você que fala, você que canta, você insegura, você que às vezes falta na foto.

E eu, que se fé for amar as árvores, o mar e as nuvens, sou santo. Que me lembro, ali, dentro do ônibus: tudo acaba um dia. Penso um pouco no que preciso fazer antes disso. Uma paisagem, uma viagem, ter saudade, serra e praia. Ao mesmo tempo. Faltar uma foto para saber o que é saudade (como numa terça-feira, 6 da manhã, à pé, sozinho e sem se perder em ruas curvas que sobem e descem, sem sono de tanto trabalho, querendo saber que horas iam limpar o Pelourinho).

Ver até mesmo a mais profunda das dores. Ver as ruas e ver sangue de tantos, de tantas peles.

Panclasta

Vontade de jogar, tirar, ir embora, explodir. Sem mortes, pelo menos. Cruzes, moedas, assinaturas, sapatos sociais. Tudo embora. Mas calma: é só uma idéia meio longe.

Eu respiro. Sorrio (a foto!). Sento. Começa mais um filme, mais uma vontade, mais uma vida interessante. Uns garotos que vivem e morrem lá no céu.

Sorria, francesa, chegou até dez.

sábado, outubro 28, 2006

Vamos por partes.

Ato 1

Viva os 14. Bis! Herói, ciência, conquista, orgulho. Mais pesado que o ar, levado pela sua leveza.

Raiva. Praticamente esquecido. Homenagem deixada de lado. São mais importantes os tolos. Os bestas. Só mais um acidente. Só mais sangue. Mais juros. Mais dados. Mais mentiras.

Ato 2

De adianta ser livre, se tanta gente vive sem ter o que comer?! E sem ter o que pensar?! E sem ter como escolher?! E ainda há interesses, há ainda estupidez, há ainda a crença numa grande verdade.

"Se têm a verdade, guardem-na!"

E, em certos instantes, eu tenho vontade de, sinceramente, ir logo embora. Porque ir, eu tenho certeza, eu vou acabar indo. Vou pôr nariz de palhaço: e se escolheram entre algum daqueles dois, então pelo menos usem papel higiênico logo após!

Eu não acredito mais em nada. E não fico feliz. Mas tenho ainda algo bem forte dentro de mim. Alguns sonhos que podem ser sonhos, mas ainda assim não quero esquecê-los. Ética. Justiça. Ou, como queiram, vergonha cara. Eu sei: fora do alcance. Fora da realide. Mas eu não posso acreditar que só possa ser assim.

"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."

Ato 3

Sou o eu amante. O eu macarrão. Fica comigo esta noite. E aquela também. E mais outras tantas. O eu que lembra Fernando Pessoa (ou Alvaro de Campos?!).

Ato 4

Não há tempo. Há correria. Tantas coisas. Tantas coisas.

Ato 5

E neste eu sorrio. Porque tanta coisa bem que podia pelo menos dar em algo legal porque tem também muita coisa pra ser feita um pouquinho mais longe! Em 24 horas, serei passageiro de um Airbus. E isso me deixa feliz. Adoro até as escalas.

Volto dia 31. Noite de Hallowen. Ocean Air (isso presta?). Fokker 100. Exatamente 10 anos do conhecido acidente. Espero que esse não seja um adeus!

Mas, e se for, fica comigo esta noite?

sábado, outubro 21, 2006

Se souber, faça.
Se não souber, faça sem saber.
"O que a vida quer da gente é da coragem".

"O que a vida quer da gente é coragem, Glória?
Onde eu escrevi isso?".

Ficou escrito.
Sem saber, fazendo a própria história. Emoção não pára. Não cessa. Bem diferente dessa coisa que vai deixando tudo para trás, para trás, para trás, e, quando percebe, a lição tão recente já é lembrança.

Lembrança boa. Chico do Carangueijo. A pior entrevista da minha vida. Glória Diógenes. Não direi a melhor, podem vir melhores depois. Sei nem o que vem depois.

Alguma coisa vem.
E, sem saber, mas fazendo, vou ter coragem.
"Computadores fazem arte
Artistas fazem dinheiro

Dinheiro, dinheiro...."

sexta-feira, outubro 13, 2006

Tenho que escrever, sim eu tenho.

É a única chance de alguém me ler. É a única chance de lembrarem. Só assim "13 de Maio" pode virar "Humberto Leite". Não tem outra maneira: só assim tanta visão vai fazer sentido. Poesia, sentimento, ação.

Tenho que escrever. O quê?! Lembrei de uma ótima palavra: náusea. Aquela coisa que não é física, mas não pode ser da alma: sou cético. Merda, sou cético. Meu bairro completa hoje 50 anos. Estou frustrado com a política. Tem um vento lá fora. Cético.

Hoje se eu fosse acreditar em algo não seria em Deus. Hoje quero chocolate. Não, baunilha. Companhia na cama. Muito grande se os braços ficarem só. Náusea, se só. É físico, mas sempre acho que aquela coisa fosse um pouco mais. Tenho que escrever.

Náusea. Droga, alguém tem que me ler. Cético. Meu nome é Humberto. É Leite. Mas também é Vieira, é Luis. 2000##0197##7. 004.###.853-05. Náusea. Cético. Alguém tem. Alguém me tem. Alguém me ler. Alguém.

Motorista, pára esse ônibus. A terceira parada da Humberto Leite.
Aos 22.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Outubro é mês bonito!

É quando as aves saem do ninho, e fazem a nossa alegria. Lá no céu.

E a gente senta em assento ejetor, vê réplica de míssil, bate um montão de fotos de decolagens, pousos, decolagem, pousos. E tantos sobrevôos!

Outubro é mês bonito! E melhor ainda: vai ser lindo lá na praia. Com o verdeamareloazulebranco voando com fumaça, bailando, encantando sobre o mar. Tonneau barril, immelmann, vôo de dorso!!!


Outubro é mês bonito. É mês de avião.
Dia 19 que chegue logo!
Valeu, Alberto!

sexta-feira, outubro 06, 2006

Eu não lulo, eu anulo.

Sei, é nulo.
Só mais um absurdo entre absurdos.
Anoitece
Amanhece
Anoitece
Amanhece

E se?!
Acontece
E se?!

Despertador, almoço, caminhada, cama.

sexta-feira, setembro 29, 2006

Eu até consigo rir.

E isso é bom. Não senti vontade de matar ninguém. Nem espancar. Nem sequer perdi minha crença em nada crer. É cruel assim mesmo. Na garupa do PM, forcei os olhos para ver se via alguma coisa. Mas nada. Eu deveria ter os visto antes. Eu sei que correndo seria mais rápido. Mas não vi chegarem. Depois que chegam, o melhor é ficar parado.

Mas é assim, afinal. De tão acostumado, já me livrei várias, várias, várias vezes. Mudo de rua. Entro em algum lugar. Converso. Uso a velha desculpa que não tenho nem o dinheiro do ônibus (e dá certo). Até corro, quando preciso. Mas de tão cansado que estava eu sequer vi se aproximarem. Errei. Nove horas não são seis. Atenção não vem depois de tanta labuta.

E tão pertinho de casa! Tão perto! E mais perto ainda das duas motos da policia que passaram uns 30 segundos depois, mas não viram os braços ao céu. Muito menos ouviram. 190. Relativa demora. Ronda, e já era. Foi-se: sou estatística.

Mas eu rio. Imagino os dois vendo um alvo fácil: olhos quase fechados, fone de ouvido (onde eu tava com a cabeça?), passo lento. Imagino que gritaram "-É um assalto!". E nada. Precisaram pegar no braço como quem diz "-Onde que fica a Coronel Pergentino Maia?". Eles bem sabiam.

Só não eram muito espertos. Ficaram sem carteira. Sem celular. Levaram só um negócio que acharam meio esquisito. Foram embora olhando, provavelmente porque nunca tinham visto um antes. Vão vender barato: tava até começando a quebrar. E eu não perdi meus reais, nem meus números. Só me foi embora, com a velocidade do crime, a suave voz da Fernanda cantando o que eu já sabia.

"Você pensa que faz o que quer
Não faz
E que quer fazer o que faz
Não quer
Tá pensando que DEUS vais ajudar
Não vai
Que que há males que vêm para o bem
Não vêm"

E foi-se.

terça-feira, setembro 26, 2006

"Aperta 99 e confirma".

É, ontem eu ensinei a votar nulo. Meu pai, que por três vezes viu adiado o sonho de concluir a 6º série, acabou aderindo. Não que eu quissesse.

O "não sei", "esse não", "também não dá" e "eu não acredito mais" são tão fortes quanto eu gostaria que fosse meu grito. Mas nada há. Olho, presto atenção. Mas nada.

Não que eu queira que seja assim. Adoraria ter bandeira, camisa, distribuir adesivos e soltar argumentos até a roquidão me interromper. Ou até a hora bater.
Que a garganta se explodisse...

Mas nada há. Se de um lado, antes, eu via tanta coisa de mal; agora, do outro, eu vejo bandeiras vermelhas que tremulam solitárias. Numerosas, é verdade. Mas solitárias com um palanque a sua frente que quer esquecer sua cor e falar que "sempre foi assim".

Não, não pode ser.
Não, eu não queria.
E não, eu não quero.

domingo, setembro 17, 2006

Confesso: dentre as principais paixões, a bolonhesa. Dos amores, uma ou outra música em língua estranha; do dia-a-dia, umas palavras mais esquisitas ainda, com umas pronúncias que nem sei o quê. É um tal de i com som de dor. Negócio de ai. É um tal de é, assim, com acento, que vira ê. Esse povo que parece não saber falar direito!

Não nego: meu nome não é Severino. Tenho outro de pia. Já é moderno. Felizmente, nem é de santo! E lá na estante tem uns livros que vieram de longe, longe. E aqui na sala essa máquina estranha que fala até de... eu sei lá diabo o quê, mas dá uma estranheza bem estranha.

Porque tem umas frases, uns jeitos, umas coisas, uns normalmente com um xiado no final, e um sorriso danado quando cai chuva. Quando faz frio. Quando o chapéu de palha entra na cabeça direitinho. Quando o piqui cheira ou pego o resto pra rebolar no mato.

Às vezes até um "ouxe", um "maxu" e uma curiosidade danada. Olhando para a serra. Olhando pra o mar. Curioso para saber o que tem ali.

Bem ali, depois daquele risquim que separa o céu da terra, o céu da água. Logo ali.

domingo, setembro 10, 2006

Ainda bem que refrigerante tem bom prazo de validade.

Digo isso por quê, de um modo ou do outro, um Guaraná Artactica me acompanhou do inferno ao céu. Talvez não literalmente, mas ele foi longe. Comigo. Quer dizer: conosco. Montanhas, paisagem, frio e certezas. Amigos velhos; velhos amigos.
Agora: só sono.


Amanhã é um outro dia. Amanhã uma outra vida. Longe, longe. Um primo morre. Distante, distante, distante. Suicida. E eu por aqui: celebro felicidade.

Mas não é assim mesmo?
Segunda-feira. Volver.


'tô descendo a serra
cego pela neblina
você nem imagina
como tem curvas esta estrada
ela parece uma serpente morta
às portas do paraíso

o inferno ficou para trás
com as luzes lá em cima
o céu não seria rima
nem seria solução
um dia de cão
um mês de cães danados
ordem no caos
olhos nublados
um cão anda em círculos
atrás do próprio rabo

um dia de cão
um mês de cães danados
ordem no caos
olhos cansados

sábado, setembro 02, 2006

Eu odeio Igreja. Adoro sorriso. Sinto com a música.
Acordes.


34 faixas. Grande presente. Tantas faces.

Da revolta à risada. Do sentimento à indiferença. Solidão, dor, saudade, fúria, ânsia, força, solidez, certeza.

Amor.

quinta-feira, agosto 31, 2006

E pára.
Permanece imóvel. Estático. Sem novidades, sem palavras. Mas com vida. Só sem tempo.

Nunca serei escritor.
Meus pensamentos vão como as moedas no ônibus. É, essa foi fraca. As idéias são presentes. Em todos os lugares. Mas bestas. Nada espetacular. A vida passa em cada engarrafamento. Um Marroquino e um Esquimó entenderiam. Cansaço. Sono. Alívios. Amores.

Eu preciso. Viver preciso.

Três telas abriram agora. Já nem sei o que eu fazia com esse teclado na mão.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Acho até estranho.

Venho aqui e olho: tantos dias. As últimas palavras sempre estão tão distantes! Sejam elas de agora, de ontem, de cinco minutos. É rápido.

Uma frase vem e já é atropelada por outra. E vai. Uma alegria vem e já vira tristeza, que já é esquecida, que vira eficiência, cansaço. Dormir.

E se levantar passa a ser uma tarefa repetida que acontece tantas vezes sem que quase perceba. Feito piscar os olhos enquanto uma folha de move. Quase setembro.

Eu sorrio, eu tenho um plano. Tenho algumas questões. Umas problemáticas; outras soluções.

Mas agora vou ali indo pra aula.

segunda-feira, agosto 14, 2006

"Eu tenho um coração
eu tenho ideais
eu gosto de cinema
e de coisas naturais
e penso sempre em sexo
oh yeah"

Ah, ops. Segunda-feira.
Sol, 33ºC, vento leve.

terça-feira, agosto 08, 2006

"Você já tentou varrer a areia da praia?
Já perdeu a hora quando o tempo pára?
Já gritou uma palavra até perder a fala?
Você já tentou varrer a areia da praia?
Já viu sumir a última estrela da madrugada?
Já ficou um dia, um mês, um ano sem fazer nada?
Já colocou todas as roupas do armário na mala?
A sua casa já desmoronou no meio da sala?
Você já tentou varrer a areia da praia?"

Não tem limite. Sempre tem mais a insistir. Mais uma hora, mais uma tentativa, mais uma ligação; mais uma desistência, que seja. Vêm veias, gordura entope artérias e basta um pequeno cisco para parar o coração. Ou logo uma vasinho, pequeninho, que dá parilisia. Suor. Calo. Calor. Cravo pula do rosto, expelido, exorcizado. Vidro que embaça, óculos sujo. Torto. Quebrado. Meia fedorenta. Mais. Não ainda.

Azia. Não é suficiente. Se pode mais. Sempre mais. Mais uma tentativa. Mais uma hora. Mais uma insistência, desistência, persistência, existência. Inconcistência. Não ainda.

Sempre se pode mais. Só mais um pouco. Basta um par de meias. Janela aberta. Respiração ao lado. Rosto ao lençol.

quarta-feira, agosto 02, 2006

"São 18 horas e 30 minutos
do dia 30 de março de 1993
terça-feira"

Há frases perdidas, há outras que ficam. Tem músicas que a gente esquece. Outras nem tanto. Onde será que eu estava?! Saindo da natação?! Com um lego na mão e alguma idéia estranha na cabeça?!

"Não quero ser útil, quero ser utilizado"


Onde eu estava?! Sozinho em casa, vendo demônios, alienígenas e torcendo por uma buzina?! Cabelos sobre o óculos sujo, tarefas a fazer e enciclopédia aberta.

"Se eu tivesse os seus olhos
eu seria famoso
Se eu tivesse os seus olhos
eu seria famoso
Se eu tivesse os seus olhos
eu seria famoso
Se eu tivesse os seus olhos
eu seria famoso"

terça-feira, agosto 01, 2006

E foi com uma pitada de surpresa que finalmente hoje saiu publicado um texto escrito há uns 2 meses. Estranho folhear o jornal e se deparar com sua própria foto!

O dia da vingança

1993: aqueles dois a zero doeram. E muito. Podiam me falar à vontade que a altitude de La Paz era cruel para os jogadores, mas aos 9 anos é inadmissível ver a seleção perder a então invencibilidade absoluta em todas as Eliminatórias. Ainda mais quando, naquela época, conquistas de Copa do Mundo eram só histórias distantes das pessoas mais velhas.

Sem prever a existência futura do tal Evo Morales, senti que o Brasil foi humilhado, ultrajado pelos bolivianos. O jogo de volta prometia. Ah, se prometia! Sem entrar em campo e sequer poder dizer ao Palhinha como eu o achava um grande jogador, sentia-me um responsável direto pela necessidade, pela obrigação nacional de vencer a Bolívia. E o acaso me ajudou.

O jogo seria no Recife. Perto, quando olhava no atlas e via a distância ser menor que o meu dedo. Longe, imaginando o tanto de gasolina que precisava. Quando meu pai disse "a gente bem que poda ir ver o jogo por lá", nem acreditei. Parecia ser o próprio Natal em agosto. Na sexta-feira, um negócio fechado (ele é autônomo) garantiu a viagem. Sem preguiça nenhuma, na madrugada seguinte acordamos bem cedo.

Com um pouco mais de gente no carro que o Detran permite, estrada à frente! Talvez pela simples aventura, o caminho mais distante foi escolhido. Nada de ir pelo litoral. A idéia foi andar "por dentro", visitando as cidades e de certa forma se sentindo meio herói ao dizer "estou só de passagem, na verdade, estamos indo ao jogo de amanhã lá no Recife".

E chegamos em cima da hora. A tempo ainda de achar o tal do estádio do Arruda e matar a grande curiosidade: seria ele pequeno feito o PV ou grande como o Castelão?! Felizmente, o suficiente para caber a gente. Tudo bem que um cidadão um pouco alto não me deixou ver o Branco pela lateral esquerda, mas os seis gols eu não perdi. Seis. Seis! Seis a zero, Brasil!

2.750 km rodados, seis gols, nove anos e sonhando com o Tetra que viria em 11 meses. Não precisa nem dizer que poucas horas depois, já em João Pessoa, deitei no banco do carro para ter a melhor noite de sono da minha infância.

quarta-feira, julho 26, 2006

Meio que intangível. Acho que sou.

Como se a verdade, de fato, viesse entre fones de ouvido, cabeça recostada ou pés em movimento.

A caminho.

Sono pouco, prato pequeno, muitos livros que se quer, poucas linhas em tantos dias. Energia Renovável e Desenvolvimento. Iniciativa para os Lixões de Fortaleza. Secador Solar. Energia eólica. Biomassa.

E passa.

Um dia, outro, outro, outro. Já foi. Mais um mês. Banco (agora um mais perto de casa, valeu Banco do Brasil!), transferência para o futuro que não sei o quê, trocados.

Cinema, sorvete, macarrão. Piratas do Caribe, Kalzone, Buongustaio, churrasquim, cai duro, ingresso. Um CD, um livro, passagens de ônibus. Revistas, gasolina, às vezes, algum presente.

Mensalidade. Estudo. Pós. Pós-Estudo. Estudo onde só há fontes. Espero algo mais. Pós-trabalho, pós-saber-que-nunca-mais-será-como-era-aculá, colegas desconhecidos, diferentes. Pasta de couro, cadeira confortável, gelada. Mas preferia xerox da francesa.

É, fim do dia. Sono, prato pequeno, muitos livros que se deve ler e pouco tempo e linhas. Telefone. Banho. Sabonete de limão. Travesseiro. Lençol. Um ou outro pensamento.

Intangível.

domingo, julho 16, 2006

Assim faz frio. Puxo esse botão, coloco o outro no 2. Mesmo nem tão forte, já gela, e não faz barulho. Não importa. O trânsito tem som de paranóide andróide, ou vice-versa. Mas só nos meus ouvidos.

É bela. A roda brilha com o sinal, brilha com faróis, postes, ou até com a lua. Só a 40. Vai Ecoesporte, anda mais rápido que eu quero chegar. Freiou. Off-road que desvia de buracos. Eu não. Era pequeno.

Matenho só uma mão. Decidi ficar sem pressa. Tirei o pé, mudei a alavanca para o centro e esperei chegar. Calma. Ainda vermelho. Parei. Faltam ainda uns 2 Kms. Três sinais. Via de mão dupla, poucos ônibus.

Fome. É, é melhor ir logo. Nem sabia que seria macarrão bolonhesa (uma das maiores invenções do homem). Estava cheiroso. Gostava. Blusa, calça, um tênis manchado.
Paro, chamo o interfone. Fecho os olhos e espera.

Tudo ficou melhor, então.

sábado, julho 15, 2006

Agora espera, deixa eu trocar a música.

Uma mais divertida, engraçada, uns acordes mais rápidos e uma letra que não diz nada. E deixa. Deixa estar. Deixa pra lá. Deixa-me, como está.

Uma capa linda, para dois projetos lindos, mas revisados, re-escritos, rearranjados, elogios. Torcida. Espero que dê certo. Só mais um capítulo: 8 horas, geralmente mais, sentado. Teclado, mouse. Telefone, um monte. Um monte de papel espalhado.

Semana passa. Sexta. Esforço, esforço, esforço. Dedicação.

Pronto, agora eu troquei a música. Arrumei perfumes, desempoerei os livros e limpei a janela.
Pronto. Agora eu estou pronto.

quinta-feira, julho 06, 2006

Não dá para não ter incômodo. Certamnete, é impossível. É óbvio que mais uma vez a certeza plena fica clara: futebol não é ciência exata! O povo não entende de tática, e ainda acham que jogador brasileiro, precisa, necessariamente, jogar futebol do Brasil. Alas não são laterais; defesa em linha não é fazer linha; triângulo, quadrado ou pentágono não é questão de opinião. É juízo. Jogo feio é não jogar.

Mas, pensando bem, tenho plena certeza de que o Brasil entra em campo nesse domingo. A grande final. Brasil e Costa do Marfim. Sim, falo do jogo de verdade, que deve acontecer em um estádio vazio bem longe das atenções do jogo combinado. De uma Copa paralela em que Ronaldinho Gaúcho deixou os franceses no chão, Ronaldinho marcou o gol da vitória em 98 e Barbosa, sorrindo, nas capas dos jornais do que não seria conhecido como Maracanazo.

É difícil não imaginar que o Brasil ganha todos os mundiais. Sim, somos campeões de todos. Zidane é, no máximo, um bom malabarista que cumpre bem o que é combinado. Já Maradona, coitado, meteu a mão na bola porque sequer conseguiu cabecear mesmo o goleiro dizendo "vai, hermano!
". Juro que ontem vi Ricardo, aflito português, dominar a bola, dar três dribles e um chute certeiro pro gol.

E o Brasil, na realidade, em um estádio escondido, sem enroladas, patrocinadores, convulsões ou confusões, brilha fazendo o show que todos nós queremos ver, com gols belos, de bicicleta, de escanteio, do meio do campo.

Feito aquele do Pelé que mandaram apagar da final de 66.

segunda-feira, julho 03, 2006

Vou célere.

Rumo aos erros, acertos, sorrisos, lágrimas, olás, adeus. Vou adiante, seja em frente, em curvas, certo ou errado. Com as mãos indo ao rosto e sentido a diferença dos anos. Com cada detalhe, mania, pêlo no pé, problemas no olhos, bom e mau humor; com tudo não sendo estado. Sendo eu, ser. Mas não sozinho. Rodeado.

Seja pela tia que arrisca uma camiseta com estampa e glória, acerta. Ligação DDD, convites simples, companhias certas. E nem por isso menos gloriosas. Feito um pai e uma mãe que olham para o filho de beca e sorriem com a mesmo sorriso de quando o viu aprender a ler.
E sou jornalista, como sou filho de um José e de uma Maria. E sou o amigo, sou o namorado, sou o escolhido, o "menino-prodígio", o que ajuda, atrapalha e quando chega em casa ainda vai comprar o pão como quem ficou feliz por ir na padaria, naquela tarde, pela primeira vez, sozinho. E quantos 1° de julho já se passaram desde aquela tarde!

Indo célere. De quem não falava, e hoje se agita. Com tantos nomes, rostos, lembrança e alegrias que vieram. E tantas ainda por vir. Rodeado por uma só palavra: amor.
Que seja piegas! Que não escreva como acho bonito nem como, sendo assim, sei prefiro que seja!

Sejam essas palavras e pesoas próximas, sejam tão absurdamente e completamente nos m
ais distintos sentidos temporais, atemporais e o que seja o que for. 42. A vida, o universo e tudo o mais. Só a certeza que a insônia de hoje não é uma glória de vencedor. É só de alguém feliz porque amanhã é mais um dia. Como foi sexta, quinta, quarta ou até uma terça-feira.

Mas amando tudo e todos. Desde o coração do outro que sinto bater perto do meu, até as ruas de asfalto dessa cidade que acolhe e me faz dormir agora com uma chuva que só me traz alegria, misturando o que é dor e amor, misturando o perfeito e o imperfeito. Criando uma mistura de tantos rumos, mas que se faz célere e feliz com o que tem.


Mais um 1° de julho.

Feliz 22 anos.

segunda-feira, junho 26, 2006



Mais leve que o ar. Tão leve que, no lugar da euforia, silêncio e sorriso de pura contemplação. De passear, sobre dunas, mar, coqueiros, árvores, praias, rios e tudo. E tudo sobre mim. Até olhar para baixo para ver um pássaro fazer um milagre.

De ir aos céus. Milagre comum, simples, explicável. Mas que faz até ateu olhar para dentro das nuvens e pronunciar palavras baixinho demais para o intercomunicador ser ativado...


Com o vento gélido no rosto, balanço ao sabor da brisa e comandos suaves para bailar no azul. De não ter janela, e sim quase todo o mundo em volta. Eu voei. Pela terceira vez, eu voei. Senti que estou vivo. Ainda tendo problemas para desembarcar e com os próprios dedos no comando sendo ainda só mais um sonho. Mas ver o pôr do sol, ali, lá do alto, e poder ainda escolher voltar sobre as ondas... Já foi o suficiente para os muitos próximos sonhos.

(afora, claro, os prazeres de ouvir a TWR FOR e a discussão divertida sobre a vantagem de ausência de flaps, procedimentos de pouso sem motor e lições sobre trim em aeronaves biplanas...)
Muito obrigado, Jörgdieter Anhalt....


Não poderia deixar de mandar um beijo, e parabéns, para quem saiu de umas letras meio estranhas (essa coisa chata de you're, book is on the table) para ir para outras mais complicadas ainda (oikia, avantus aprendus latinus), mas com a certeza de fazer o que ama...

E, à noite, ainda ter disciplina e força para derrubar os meninos gordinhos de 13 anos. Parabéns, senhorita faixa "jirimum" e de letras tão clássicas...

segunda-feira, junho 19, 2006



"Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos o Hino Nacional
A lágrima é verdadeira"
Não há hora.

Não são 8, 9 ou 15 para as dez. Apenas faltam 10, faltam 9, falta oito e pouco para aquela Hora. Feito fim de ano. Ruas vazias, ônibus com a pressa que agrada todo mundo, e pedido de desculpas por entrar na loja.

Portas fechadas onde se lê "segunda à sexta, das 8 às 18 horas". Folga. Um medo de furar o pneu como se foge de rua de pedras.

E atenção. E param. E olham. E esperam. E esperam. E esperam. E esperam.

Só um a zero.

Depois, no domingo. Faria sol, mas choveu. Mesmo assim, carne, paçoca, bêbados no meio da rua e esporte nacional: peças soltas no asfalto. Dois a zero.

E eu não grito. E não tremo. E nem falo muito. Parece até que nem gosto. Mas vou lembrar de cada milimétrico detalhe desses dias que em que tudo aparenta ter um grande sentido: mas mesmo assim eu adoro.

quarta-feira, junho 14, 2006

É engraçado escrever e rir sozinho.

Se há palavras que vão embora (por outras palavras) tem outras também que vão embora com um sorriso de auto-sem-vergonha, de piada-própria e safadeza que não se explica.

Mistura dos números três e quatro.

Três pedaços de doce gostoso, três discos a mais para a coleção, três livros da "trilogia de quatro".

Parabéns, mas só para nós dois.

segunda-feira, junho 12, 2006

Palavras.

São só palavras.

Vão embora com outras.

Palavras.

sexta-feira, junho 02, 2006

Eu acordei hoje como quem explode uma estrela. Determinado: o sonho seria realidade. Aquele bem estar, morto por um bocejo preguiçoso de quem acorda e nem quer abrir os olhos, tinha tudo para se fazer o que merece ser. Realidade.

Eu tive idéias lindas. Amor, vida, futuro, certeza. Bastavam algumas mudanças. Tá certo, feito morrer e viver novamente. Olhei as árvores, os pássaros, a poluição.

Tudo estaria aqui. Feito você. Tudo seria bela. Feito você. Feita para mim, mesmo que eu não soubesse. Para estar comigo, mesmo que não parecesse, mesmo que seja estranho, ilógico, irracional, errado, passado.

Sorrisos e braços dados.

quarta-feira, maio 31, 2006

Pior que essa compulsão por escrever é escrever por si mesmo, de si mesmo. É essa mão maldita que não para e essa cabeça que rola de um lado para o outro no travesseiro sem se permitir um sono vazio sem sonho nem medo.

Não para.

São palavras que se agora parecem feias depois serão só vergonha. Ou certeza de que poderiam ser melhores. Não para.

Mas como um filho ruim que querendo ou não vêm 9 meses depois do gozo, a gente só pode parir e cuidar.

Pára.

segunda-feira, maio 29, 2006

Solidão ao meio dia.

Distância, saudades e tantas outras palavras.
Respirações próximas, e ninguém.
Ninguém.

O fone de ouvido como melhor amigo.
E quando deveria ser alívio, nem sempre.

Se a gente chora é porque sabe que merece sorrir.

terça-feira, maio 23, 2006

Nunca pousei em outra pista de pouso. Só do Pinto Martins. Também não sei ao certo como trabalham as aeromoças.

Já "andei" de avião duas vezes. O primeiro, camuflado, com 2 tanques de combustíveis enormes ao invés de cadeiras e com caças ao lado. Inesquecível. Sem luxo, detalhes e sequer banheiro. Fios visíveis, barulhos e quatro grandes motores à hélice. Um civil entre soldados.

O segundo, ex-presidencial. Diriam "Sucatão", eu vi que longe disso. Como qualquer outro. Jato, poltronas, janelinhas e carpete. Também diferente, é verdade: fui no banheiro do presidente. Relatos de Collor, Lula, FHC e uma certa primeira dama que adorava taifeiros... Também havia caças com sede de combate. E curvas um "pouco" mais fortes. Uma asa ao solo, a outra lá no céu.

Nem me surpreendia, as sensações. Tantos parágrafos, linhas, fotos e interrogatórios. Se eu visse uma passagem na mão de alguém, cinco ou seis perguntas, no mínimo. Já fui no aeroporto deixar gente. Já fui no aeroporto pegar. Já fui até - várias vezes - só para ficar olhando o que ia, o que vinha.

Já fui para comprar passagem para outros.
E fui recentemente comprar pra mim. Torcendo até por uma turbulência tão forte que fizessem cair as mascaras de oxigênio.

Sem mais vagas, me restou ficar feliz.
Feliz por ter entrado na fila.

terça-feira, maio 16, 2006

Poderia ser engraçado nas minhas piadas sem graça,
Sem eira, nem beira, nem estribeira
A tuf arrêa, a tuf arrêa, a tuf arrêa.

Ou político. Dos políticos que eu odeio, de acreditar que só seremos livres quando as suas últimas tripas enforcarem o último padre. Ou vice-versa. Livres. Livres. Sem precisar nem de reis, nem de padres.

Militaresco, dos aviões que amo, do sorriso em ver metal. Tão lido e até então desconhecido. De olhar para uma dobradiça e imaginar por onde andou. Sem gostar da farda, mas adorando cada pecinha. Ver uma foto e uma tarde de imaginação. Feito criança.

Sentir a onda e tocar a água, que talvez, quem sabe, pode ser, nunca tinha vindo à tôna ou já banhou uma linda baleia.

Poderia também só amar o futebol. Ou falar dos meus amores. Contar a vida. Ticket-refeição e cartão de visitas. Suco de limão uma vez por mês. Ou falar dos amores. Dos meus planos, e quem sabe até dos cursos que se tornam curvos.

Se até outras pessoas, vai saber. Andar com um bloco e jogar aqui todas as melhores idéias. Mas tudo o que tenho a mostrar são essas.

Mas aliás, o que preferem? AH-11, Geufer, Mirage, Baunilha, PCC ou a história do primeiro cinema 180º de Portugal??

segunda-feira, maio 15, 2006

A vida é dor.

Ruim ou boa, ela vem. Inesperada ou aclamada, sem dúvida estará presente. Dor de incerteza, de destino indesejado, de perdição ou braços atados.

A causa da dor é o desejo.

Desejo de não sentir dor. De passar ao largo, indestrutível, inabalável, certeiro, veloz. Plus vite, plus vite, plus vite douce vie...

A dor de se estar vazio.
Ou de já estar cheio.

sexta-feira, maio 05, 2006

Esses dias tão escuros que não nascem, ficam claros. No final da tarde o sol não se põe, as nuvens negras ficam mais vivas.

E o calor, tão presente, é exceção, jóia rara, cinco ou seis minutos até o vento gelado deixar tudo triste outra vez.

Espirro, tosse, dor, ouvido estourando, garganta rasga e nada na mesa é agradável. Nada agrada. Frio, mesmo sob lençois. E suor.

Eu adoro a chuva. Mas só quando é alívio.


E hoje não estarei mais sozinho.

domingo, abril 30, 2006



"Gostaria, querida,

De ser inesperado
Como uma madrugada amanhecendo
À noite
E engraçado, também,
Como um pato num trem"


Sou um menino homem. E me agrada. Envelheço a cada dia, em frases sobre responsabilidade, em tratamentos de "senhor". Estes, sempre quando ainda não viram minha cara.

Quilômetros para cá, para lá. Conversas para conhecer. Trabalho duro às 8 da noite de uma sexta-feira véspera de feriadão, mas futebol agradável na manhã seguinte. E ainda sou o mesmo. Ruim, levando bolada na cara, e saindo de campo quase morrendo.

Alguns dias fora. Saudades de dormir. Abraçado, ao lençol. Bermuda bem escolhida. E fiquei ainda uma hora e meia preso no engarrafamento do MST! Fotos, sorrisos. Eu sou jornalista, eu sou jornalista, seu moço, sim, eu sou jornalista!

E descanso no final de semana com todo o prazer do mundo.
Pequenos sonhos de consumo.
Algumas contas pagas...
...com a costumeira "resistência".


sexta-feira, abril 21, 2006

Não importa se são 50, 500, 5000, 50.000; a saudade é a mesma.
E não é de gente, nem de pele, suor, perfume, saia, bocejo.
Não há leitura melhor que "Bem vindo a Fortaleza"

São as ruas. São os caminhos. São as linhas de ônibus. São estranhas as placas que não começam com H. HVT. HXT. HQV. Do modo que for. MXZ? Não me faz sentir em casa.

É bom olhar para uma avenida, lembrar da mesma vista quando pequeno; saber onde ela vai dar, mesmo que não tenha muito porque ir. Nomes das ruas. Bairros. Pessoas. Aquele prédio, aquele prédio. A praça. A sorveteria. Lembranças.

E o nosso mar, sem dúvida, é mais bonito que qualquer um.
A nossa lua também.

sábado, abril 15, 2006

Não é bem que seja medo.
Tá, é medo.

Você sabe que vem. Só resta segurar, preparar, virar a parte do corpo que julga mais resistente para o impacto. As pernas são fortes, mas ainda as quero.. As costas? Não... posso perder movimentos. Braços, HuM... muito fracos. Cabeça, não... É, não há nada que possa entregar ao sangue.

Sim, dá medo. Vai doer. Será cruel. Mesmo que do impacto venha céu livre, liberdade, sorriso, vontades...

Eu tento fugir do medo. Tentar. E toda vez que te tento, te mato com milhares de atentados...

"Eu queria ter uma bomba
Um flit paralizante qualquer
Pra poder me livrar
Do prático efeito
Das tuas frases feitas
Das tuas noites perfeitas"

Faz calor, depois faz frio.

terça-feira, abril 11, 2006

(...)
.
(...)
.
(...)
.
(...)
.

Eu, em minhas próprias "interpolações parentéticas"....


Aproveitar para dizer quem nem sempre o vencedor venceu. Às vezes, foi o perdedor que deixou de ganhar.

terça-feira, abril 04, 2006

Tem mais botões que tinham antes, e andar, muitas vezes, já nem tem impulso a cada pisada. Agenda, duas. Cartão. Mais de uma caneta. Régua, durex, clipes, grampeador.

Eu nunca precisei tanto de grampeador.

E-mail, em separado. Ficaria loucos, com tantos para olhar. Às vezes, duas ou três coisas ao mesmo tempo. E a blusa tem botão. Calma, amanhã não posso. Reunião, uma hora, duas ou três. E as camisetas demoram muito para ir da esquerda para direita, segundo a organização do meu guarda-roupa...

Organização. Dias 17, 18 e 19 estarei fora. Ih, droga, amanhã também terei que estar. Isso vai para depois, aquilo deixa espremido. Saudades do meu bronzeado especial: a fita da chinela no pé. E tem um imposto, tem uma dedução, mas ainda assim sorri com o número final.

Confesso: mais feliz com o vale-transporte, que nem contava. Aproveitei e escolhi uma azul de tecido sintético. São mais de seis botões. É demais! Vez por outra, "senhor" vem antes do meu nome.

Mas na hora de ir embora, eu ainda prefiro simplesmente andar....

sexta-feira, março 31, 2006



Pode não fazer sentido. E nem servir para nada.
Pode não ter razão, ou muitas outras bem mais importantes. Pode ser longe, pode ser inalcançável. Pode ser fatigante, pode ser decepcionante. Pode não ser nada do que precise ter sentido. Pode não resolver absolutamente nada. Pode não ser nada. E, na verdade, na maior parte não há nada. Só esperança.

domingo, março 26, 2006

"Se eu fosse um cara diferente, sabe lá como eu seria"

Mudam os tempos. O endereço. A direção como companheira solitária do fim do sábado à noite. Sinal vermelho adiante. Tirar o pé. Ponto morto. Morto!

E o mesmo pensamento. De todos os dias. De todos os meses. De todos esses anos. Se não fosse assim, como seria? Choveu. Eu permaneci sentado. Toalha bem colocada; nada molharia. Mas não me importo. Água por todos os lados. Chuva, vento, lágrimas e saliva.

Alívio? Alívio entre 90 e 200 minutos. Rindo, chorando, brincando. Alívio. Um diretor, um roterista e um produtor, sem querer, levando para longe. Para bem longe dela, da mesma boba e certamente única grande pergunta...

Como seria?

(E a insônia, minha dama, é fiel companheira de todo o sempre)

quarta-feira, março 22, 2006

Cecilia me leu isso na última sexta-feira....

"É, duzíodo... Jornalista formado! E, diga-se de passagem, com dez na monografia e emprego bom antes mesmo de colar grau. E quem não mal-disse da sua caligrafia?! E mais, quem diria que você seria mesmo um profissional dessa área? Ora, logo você, uma criança autista por opção, dedicava-se mesmo na infância somente aos seus Lego's e aviões imaginários. Creio que juntar uma caneta Bic e uma régua fôra uma de suas mais valiosas descobertas.


Mais tarde ainda, entertia-se com leituras investigativas de Agatha Christie e Sidney Sheldon. Ah, vale ainda lembrar de tamanha dedicação em decorar o mapa de Fortaleza a partir da lista telefônica. No mais, o Almanaque Abril também acompanhou mesmo sem a renovação dos anos.

Com esse histórico, não é estranho o espanto que tivemos quando as inscrições para os vestibulares foram administração e jornalismo. Com sucesso nos dois concursos prestados, lembro que eu mesma quase fiz uma promessa para você desistir da administração. Pois bem, imaginávamos um arquiteto, um detetive, um piloto ou até mesmo um engenheiro para tecnologias em aviação, mas, enfim, a única certeza que todos tínhamos é que você teria sucesso em qualquer caminho trilhado. Impossível que o "luizim" do CSTA não continuassem brilhando em seus caminhos.

Desejo mais sucesso e força na nova etapa que inicia. E como sou palpiteira mesmo, não abandone a vida acadêmica. Espero que tenha gostado do mural de fotos e o que grito que eu leve não seja tão alto. E, no fund, você sabe muito bem porque eu fiz cada uma dessas coisas. Não é porque dia 17 é mais próximo que dia 2, você sabe do que estou falando."

segunda-feira, março 20, 2006



"Hoje os ventos do destino
começaram a soprar
nosso tempo de menino
foi ficando prá trás

Com a força de um moinho
que trabalha devagar
vai buscar o teu caminho
nunca olha para trás

Hoje o tempo escorre
dos dedos de nossa mão
e ele não devolve
o tempo perdido em vão"

sexta-feira, março 17, 2006

Sim, hoje é minha formatura.
E só se forma uma vez na vida (geralmente).

Então quer dizer que ontem foi a última noite que eu tive com uma beca guardadinha lá em casa.
Última chance de ser...

Neo.




E padre.

segunda-feira, março 13, 2006

Sorrir por glória, sorrir sem jeito, sorrir por mostrar os dentes. Até logo após o almoço.
Imaginar que pulo vira vôo, abraço para se fazer um só ser. Eu vi teus olhos nos meus. Pele abrindo, entranhas se entrelaçando, um só fígado, um só pulso, um só ritmo de oxigênio, dióxido de carbono, monóxido. Ah sim, também monóxido, que se terá um fim.

Hoje eu vou ver se caminho 50 minutos novamente. Carros, árvores, asfalto, pulso, suor. Fumaça, segurar o bolso com o braço já pronto para o golpe. Nunca precisar usá-lo. Sorrir. Sorrir. Sorrir. Pulo que vira vôo. Um dia chego na tua casa. Correr sem rumo até chegar no mar, molhar os cabelos e rolar nas ondas como uma rolha.

E aquela garrafa de champanhe. E aquela garrafa de champanhe! Champanhe, senhoras e senhores! Eu quero taça, eu quero beber, e rir fácil e falar coisas sem sentido, meio caindo de lado. Pulando achando que pulo vira vôo, correndo sem rumo e com os cabelos molhados feito água do mar. Entranhas, entranhas, entranhas! Estranhas, de modo algum! Conhecidas, benditas! Entrando, entranhas. Eu não bebo álcool.

Mas tenho o suor na testa. Eu vi teus olhos nos meus. Pulo que vira vôo, champanhe que vira água do mar, ondas de suor, caminhar dentro d'água, beber suor, tomar banho nas entranhas. Ficar bebâdo do sorriso, de boca aberta, sem jeito, sorrindo, logo após o almoço, vôo que vira pulo. E aquele champanhe, e aquele champanhe, e aquele champanhe!

Eu vi teus olhos nos meus. Feliz oxigênio.
E agora, vamos às entranhas? Tem champanhe...

"How I wish, how I wish you were here
We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl,
Year after year,
Running over the same old ground.
What have we found?
The same old fears
Wish you were here"

quinta-feira, março 09, 2006

Páginas viradas que mudam quem sou. Ainda tenho 21 anos, mas dizem que até cresci.

Sei quem eu amo, e sei quem gosta de mim. Em uma sala fria, um 10, pessoas queridas e um alívio. Alegria. Sem vontade nenhuma de dar um adeus sequer, mas olhando para todos e pensando o quanto foram importantes. Abraços. É... Alguns ainda serão. Outros, eu sei, perderei.

Mas é assim, cada parto. Mal posso lamentar a nostalgia já presente. Em 13 dias, 13 dias, término de monografia, emprego e defesa. Dia 17, só sorrir para a foto de beca.

Essa longínqua quarta-feira, 8 de março de 2006...

Como sou homem, como gosto do cheiro de baunilha, como sei que o amor tem seu tempo e a morte chegará; como sou filho de um José e de uma Maria, agora eu também posso dizer tão simplesmente que sou jornalista.

segunda-feira, março 06, 2006

Certo, devo detalhes. Esse final de semana conclui que esses dias são tão importantes como quando terminei a alfabetização e fui para a primeira série. E fui eu mesmo quem carregou o saco com os materiais de uso coletivo. (Tá, só não segurei a resma de papel)

Dia 8, 15h30.
"Objetividade, Subjetividade e Copa do Brasil". A despedida oficial de onde nunca se leva à sério que um dia se vai embora. E ainda falo sobre como se ocupam 8h por dia. E desse sentimento que se traduz em alegria. E nostalgia.

Sobre o Carnaval? Uma das coisas que mais gosto nesse mundo...
















Torta de frango e palmito!

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Lembrar de hoje pelo resto da vida.
Certeza única.

Até abala a minha fé, de não ter fé.
Tudo dando certo. Perfeitamente.
Até surpreendentemente.

Suado, cansado. Até falei besteiras.
E fui chamado.

Ider. A sigla de um novo emprego.

Saber que vão assinar minha carteira, no dia que imprimi minha monografia. Hoje, foi meu último dia no francês. Do último semestre. Dia 17, colação de grau do Jornalismo. Quinta-feira seria o meu primeiro dia como desempregado. Fez-se tudo correto: primeiro de uma nova fase.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

-Doutura, eu sou um irresponsável. Já tinha 4 anos que não vinha ao dentista.
-Então você é o irresponsável com os melhores dentes que eu já vi. Não tem nem que fazer limpeza aqui.

(...)

-Olha, ele diagrama nossa página e ainda fala francês!

(...)

-Ah... eu fico tão feliz quando vocês marcam a defesa. Você entrou em 2000, não foi?
-Não, foi em 2002. Fiz em oito semestres mesmo.
-Que maravilha, querido!

(...)

-Humberto, mesmo que você quisesse, não conseguiria ser gay. Você é a pessoa mais desglamourizada que eu conheço!

(...)

-Humberto? Olha... nós estamos re-convindando você para o nosso processo seletivo.

(...)

-Você já pensou em fazer outra cirurgia?
-Eu não sei... Sabe? É algo como minha identidade, um pouco de como eu sou. Na verdade, tenho isso desde os dois anos e nem imagino como seria ver direito!
-Pensando bem é bom você encarar assim.

(...)

-Se não for de um jeito, pode ser de outro?
-De qualquer jeito vai ser bom.


Ventos mais tranqüilos. Bons ventos.
Avante.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

O dia nasce de manhã, e se põe ausente à noite. No meio do caminho, uma ou outra coisa. A maioria, só memória. Uma expectativa, uma palavra que falta, um desejo que não chega. Assisto Lost, e vou dormir. Acordo, vejo a hora. Uma coisa, ou outra coisa. Almoço. Sorvete, se tiver. Sono, se puder. Todo dia, arrumo algo. Uma coisa, ou outra coisa. Há demandas, mas nem tantas. Demoro para fazê-las. Medo. Medo. Medo de faltar, uma coisa, ou outra.

A paciência é uma virtude. Realizações, muito mais...

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Foi na semana passada, mais ou menos semana passada. Sem luz, sozinho, sem trombetas nem efeitos especiais.
Só parágrafos, ponto final. Passada rápida no orkut. Comecei desligando o monitor e até fui tomar uma água antes de desligar o módulo.


Foi assim, o fim. Agora só faltam umas coisinhas, uma burocracia, e, principalmente, alguém olhar para mim e pensar: -É ele.

Mas talvez nem diga isso. Talvez seja calado, enfim. Um ano, dois anos, dois meses, duas semanas. Preciso descansar. Mas não faço a mínima idéia de quanto tempo tenho.

"Vai passar batido, despercebido
talvez até já tenha acontecido..."

domingo, fevereiro 05, 2006

Eu exerci a loucura. E não veio devagar, veio com pressa, avassaladora.

Eu sabia que perderia. Nem adiantava insistir.
Fardado, é claro, com manto sagrado e querendo a todo instante ligar o rádio. Cheguei em casa mais cedo que o previsto.

20 minutos. Levo 5 para ir andando...Dará certo?

Deu. E ainda vi um gol. Um só gol. Belo, maravilhoso. Vencemos, afinal!
Só não imaginava, jamais, que um dia ia entrar no PV na "hora do pobre"... Ainda mais contra o Ferrim.

terça-feira, janeiro 31, 2006

Sou viciado.

Plenamente. Mãos trêmulas, agonia, insônia, olhos fora da órbita. Fome fora de hora. Escrevo poucas palavras com a perna indo e voltando, roçando, esfregando, puxando cada pequeno pêlo na perna da cadeira que é muito mais quieta que a minha. Sã.

Viciado. Plenamente.
Estou em crise de abstinência, tenho certeza. Hoje a noite não acaba tão cedo, hoje, a noite não acaba tão cedo. E eu juro pra mim mesmo que esse relógio dá voltas ao avesso. Três, dois, sete, oito, nem olho, nem pisco, atentamente desconcetrado. Vício.

Daqui a pouco deitar no chão e ter overdose. Sem uma gota de álcool, sem uma chama de cigarro, sem nariz vermelho, nem veias expostas.

Vício. Viciado.

Em si mesmo.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

É verdade: fiz silêncio. Sumi.

Como vento. Vento com água. Vento com fumaça. "Sonhei que um cara saia de dentro de mim e dizia: -Aí dentro é maior páia!"

Existo. Só sumi.
Não desisti. Não desexisti.

Andei escrevendo umas coisas no bloco de notas. Fazendo umas ligações. E no final de tudo, vi como estou cansado. Cansado! Quero dormir.

Ou não acordar nunca mais.

Fazer bandeira desses trapos.
Devorar, concreto e asfalto

terça-feira, janeiro 17, 2006


Mon petit terroriste

(Será que essa foto vai ser aproveitada pelo Lars Von Triel para o final do terceiro filme da série Dogville, Manderlay? Peut-être...)

sexta-feira, janeiro 13, 2006


Quando eu crescer, eu quero ser astronauta.

Menos, menos. Pode ser só isso, aquilo ou lá esse outro. Mas tem que ser. Precisa ser. Deve ser. Ser. Próxima semana? O que pensar? Vontade, vontade, vontade.

Vontade de vida.

Isso, aquilo, aquilo outro.
Meu livro, minha redação, meus alunos
Meu filho, meus aviões, meu jornalismo,
Meu isto, meu aquilo. Aquilo outro.

E aquele outro, tão admirado, almejado, já terá que ser eu. A gente termina o colégio, ai vai pra faculdade, termina, arranja um emprego e em uns 5 anos eu já estarei lá. Três, talvez.
Simples assim. Simples de falar.

Eduardo, olhar singelo para repórter novo, nova idéia, São Silvestre, navio-aeródromo, Paris, Moldávia (por que não?), grisalho, bicicleta, livro, saudades de hoje...

Sim, é dor. Dói viver isso. Dói não saber ao certo. Já que eu não vou ser astronauta, vou pelo menos olhar pela janela e ver tudo e toda a gente pequeninha? E gente pequenininha, pelo menos? Minha gente...

(eu pensava que era só fechar os olhos e esperar o fim do ano.
eu quero fechar os olhos, ter 60 anos, e lembrar de tudo isso)

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Será que alguém notou?

Blusa branca. Bermuda verde. Terça.
Blusa branca. Bermuda verde. Quinta.

Não tive culpa, juro. Só que notei que entre a prova de gramática do francês e a prova oral, simplesmente só coloquei o pé fora de casa para comprar pão. A roupa ainda tá limpinha!

No meio dos dois dias, só falto ir dormir com o monitor na cama. O computador quer eutanásia, o disco-rígido fica entrando em coma, mas eu seguro, insisto, reinicio e lá venho para o bloco de notas.
É monografia, é trabalho que às vezes dá trabalho mesmo sendo com amigos, é encontro de monitores... É monografia. É monografia. É monog.. Assim mesmo, escrito dois e uma metade. Homenagem aos capítulos. Primeiro, lindo, segundo, lindinho e o terceiro, parindo. Parindo em suspiros. Em dores (no pescoço), em vibração (sozinho).

Anoitece, tudo fica escuro. Só o monitor e eu. Com ponderações, argumentações. Sozinho e com o dia inteiro em casa, mas ocupado e bem cansado.
Mas calma. Estou para terminar tudo.

Vou aproveitar e sair daqui a pouco pro jogo do Fortaleza. É pertinho, no PV. Que roupa eu vou? Já sei... a bermuda verde e a blusa branca!

(Mas eu juro que hoje vão pro cesto)

segunda-feira, janeiro 09, 2006

"Saiba: todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão também
Hitler, Bush e Saddam Hussein
Quem tem grana e quem não tem

Saiba: todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
e também você e eu

Saiba: todo mundo teve medo
Mesmo que seja segredo
Nietzsche e Simone de Beauvoir
Fernandinho Beira-Mar

Saiba: todo mundo vai morrer
Presidente, general ou rei
Anglo-saxão ou muçulmano
Todo e qualquer ser humano

Saiba: todo mundo teve pai
Quem já foi e quem ainda vai
Lao-Tsé, Moisés, Ramsés, Pelé
Gandhi, Mike Tyson, Salomé

Saiba: todo mundo teve mãe
Índios, africanos e alemães
Nero, Che Guevara, Pinochet
e também eu e você"