terça-feira, dezembro 09, 2008

Primeira vez que voei, só pensava em uma música na voz de Roger Waters. A mesma plenitude de não ser vivo, de ter corpo, de não ter medo de quando li um livro num dia, cai no chão com um copo de vinho barato e, mais tarde, só com meu pai, vi um jogo de futebol.

E a vontade de nas cidades distantes descobrir o que há depois de cada prédio grande, numa busca que têm nomes e números estranhos com um sono que não se satisfaz nem se realiza. Olhar pra baixo em busca de sombra ou um copo d'água já quente por entre lençóis de ontem mal compreendidos pelos olhos vagos, vesgos e embaçados.

E sangrou, sangrou, sangrou meu avô que nunca morreria, e tinha certeza eu, agora morreria, mas já come carne e vê TV em silêncio no barulho que tanto ama. Não morre. Não morre. Não morre. E se não bebo mais, não fumo, e ando, tenho que ter medo de sangue?! Medo de carne podre servindo de viva, agonia, aquela agonia, descendo a virilha e saindo na ponta da agulha.

Agulhas, agulhas, agulhas, gosto acre na boca, suor, horas acordado, de olhos fechados, madrugada sem fim ao escutar as paredes e ver os sabores e cheiros. Por anos?!

Eleições para presidente. Novas moedas?! Desinteresse na sombra com pedaços de pano que vão embora e antes davam prazer. E antes ainda davam medo de formas disformes ou precisas como marcar a hora do último suspiro ou se trancar na geladeira vendo ferro e fogo dos céus.

Céus, céus, céus. Para onde não vou. Da vertigem, dor de cabeça de pouco ar, medo e olhos imprecisos de quem não voa. Boca seca. E um copo d´água vazio ao lado. Tantas cortinas e um telefone sem números.

Até logo, até logo. É quase hora do almoço.