domingo, junho 28, 2009

O que é a liberdade?!

É ligar para casa e dizer a hora que vai chegar. É apanhar um vôo e na mesma noite a cama macia de sempre. É ir para o aeroporto e enfrentar o sono por um dia e pouco de alegria.

É também ficar, sorrir e soltar um pensamento de felicidade: hoje, o telefonema não acaba rápido!

Mas quanto mais rápido, mais rápido. Passam semanas e passam sentidos. Volvers. Firmes. E canções. Sob chuva, sob sol. Sob madrugada, sob asas.

E em mais 10 semanas, livre. Livre na liberdade que vem de graça, mas não é gratuita.
Soa o intervalo. Bombons, chocolates, biscoitos e pastilhas. Olho para a moça ao lado e planejo o prazer da língua.

-Você tem bala, estagiária?!

Com a caixa nas mãos, ela me responde, risonha.

-Tem 9 mm.

E sorrio. Mas militar não chama "bala". Militar chama "cartucho". Militar não ri. Nem tem qualquer prazer polissêmico.

sexta-feira, junho 05, 2009

No começo, era a estranheza. Dos planos para terça-feira como lavar roupas e ir fazer prova. Das ruas de sobe e desce e curvas e túnel e norte que era aqui, é acolá, não, é pra lá agora. Das esquinas de oito cantos de obelisco onipresente. Correr por praças, boulevares e poucos graus celsius. Às três da matina.

Nomes novos. Celular também novo e... ...como era mesmo o número lá da casa dela?! Pergunta sobre onde estarei quando nem sequer vou poder sair! Religião, espaço em branco. Branco?! Não sei como dizer a cor da cútis... Calma, eu disse cútis?! Cútis?!

Direi muitas palavras. Palavras que ainda não conheço, gestos e roupas que serão quem sou. Sem os cabelos de antes. Sem a mesma terra debaixo dos pés. Com um travesseiro que nem sei ao certo como será a partir de amanhã. E, quem sabe, até novo nome.

Mas os sonhos e amores, esses sim, são exatamente os mesmos. São minhas forças.
Arnaldo, permita-me:

"pra onde eu vou agora livre mas sem você?
pra onde ir o que fazer como eu vou viver?
eu gosto de ficar só
mas gosto mais de você
eu gosto da luz do sol
mas chove sempre agora
sem você

às vezes acredito em mim mas às vezes não
às vezes tiro o meu destino da minha mão
talvez eu corte o cabelo
talvez eu fique feliz
talvez eu perca a cabeça
talvez esqueça e cresça
sem você

talvez precise de colchão, talvez baste o chão
talvez no vigésimo andar, talvez no porão
talvez eu mate o que fui
talvez imite o que sou
talvez eu tema o que vem
talvez te ame ainda
sem você"