quarta-feira, janeiro 11, 2012

No final, o que me importa não são os ítens (alguns novos e guardados) de cozinha que ganhei; não é uma foto posada de um quadro bonito; não é a palavra dita por um padre pago; não é o diagnóstico impreciso do médico; não é a descrição das últimas horas e do último suspiro.

Pra mim, fica uma incompletude simples, como uma pessoa que foi na padaria e deixou de ver o filme comigo, mas não volta.

Não vou lembrar da minha mãe por datas, por sua morte ou por seu pó.

Minha mãe, agora, pra mim, é um sujeito abstrato, um sentimento, uma ideia aconchegante, um apego agora desapegado.

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Me matar ou viver.

Como a primeira opção não me apetece, decidi ouvir "Where the streets have no name" como um bom retorno a minha terra não-natal.

Mas parecia o dia em que eu fui andando para a padaria, sozinho, pela primeira vez.

sexta-feira, janeiro 06, 2012

Viro o ano com a simples vontade de ver o tempo parar. Não mais agora, mas em algum ponto passado que vivi. Que tenha sido bom, que tenha sido completo. Uma época, talvez, em que eu tenha sido criança e adulto ao mesmo tempo. Tenha sido filho e esposo. Tenha tido minha própria vida mas com o doce sabor de sentar em uma mesa com uma comida feita para si como por direito. De poder ir para onde quiser, mas ter certo o onde voltar. Ter referência de onde tudo, como por um passe de médico, pode fazer sentir como no começo de toda uma vida.

Eu preferia que 2011 tivesse virado 2010. Ou 2009. Ou 2008. Ou 2007. Ou 1984. Bastava ser um ano qualquer em que eu tivesse mãe.