E foi com uma pitada de surpresa que finalmente hoje saiu publicado um texto escrito há uns 2 meses. Estranho folhear o jornal e se deparar com sua própria foto!
O dia da vingança
1993: aqueles dois a zero doeram. E muito. Podiam me falar à vontade que a altitude de La Paz era cruel para os jogadores, mas aos 9 anos é inadmissível ver a seleção perder a então invencibilidade absoluta em todas as Eliminatórias. Ainda mais quando, naquela época, conquistas de Copa do Mundo eram só histórias distantes das pessoas mais velhas.
Sem prever a existência futura do tal Evo Morales, senti que o Brasil foi humilhado, ultrajado pelos bolivianos. O jogo de volta prometia. Ah, se prometia! Sem entrar em campo e sequer poder dizer ao Palhinha como eu o achava um grande jogador, sentia-me um responsável direto pela necessidade, pela obrigação nacional de vencer a Bolívia. E o acaso me ajudou.
O jogo seria no Recife. Perto, quando olhava no atlas e via a distância ser menor que o meu dedo. Longe, imaginando o tanto de gasolina que precisava. Quando meu pai disse "a gente bem que poda ir ver o jogo por lá", nem acreditei. Parecia ser o próprio Natal em agosto. Na sexta-feira, um negócio fechado (ele é autônomo) garantiu a viagem. Sem preguiça nenhuma, na madrugada seguinte acordamos bem cedo.
Com um pouco mais de gente no carro que o Detran permite, estrada à frente! Talvez pela simples aventura, o caminho mais distante foi escolhido. Nada de ir pelo litoral. A idéia foi andar "por dentro", visitando as cidades e de certa forma se sentindo meio herói ao dizer "estou só de passagem, na verdade, estamos indo ao jogo de amanhã lá no Recife".
E chegamos em cima da hora. A tempo ainda de achar o tal do estádio do Arruda e matar a grande curiosidade: seria ele pequeno feito o PV ou grande como o Castelão?! Felizmente, o suficiente para caber a gente. Tudo bem que um cidadão um pouco alto não me deixou ver o Branco pela lateral esquerda, mas os seis gols eu não perdi. Seis. Seis! Seis a zero, Brasil!
2.750 km rodados, seis gols, nove anos e sonhando com o Tetra que viria em 11 meses. Não precisa nem dizer que poucas horas depois, já em João Pessoa, deitei no banco do carro para ter a melhor noite de sono da minha infância.
terça-feira, agosto 01, 2006
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