Adoraria não conhecer o futebol. Que quando me perguntassem "o que é isso?", eu respondesse que achava que era uma modalidade de badmington. Isso porque, conhecer este esporte maluco que te faz sentir do topo à fossa nos poucos metros entre uma bola e o gol, significa amá-lo.
Não dá para ser indiferente, não é surpresa que movimente torcidas, movimente pessoas, seja paixão, vida, bandeiras, motivos. E gostar de futebol é sinônimo de ter um coração com cores, sejam elas tricolores, alvinegras, alviverdes, rubronegras, multicoliridas ou até monocromáticas. Esperar ver aquilo como número é como ter um alguém e trocar por um radiador furado.
Mas me arrependo. Sempre me arrependo lá para os 35 do segundo tempo. Aquela sensação desconcertante, aquela luta interna, "calma, amanhã é mais um dia e minha vida não vai mudar", "Corre logo seu saco de batata! Não vê que dá para traçar cinco, cruzar e ainda correr para fazer de cabeça?", lógica, ilógica. Eu chutaria no canto, eu correria todo aquele campo, eu que nem sei ver direito, eu que canso.
Esse esporte maluco que se for pênalti dentro dos 90 minutos já é pulo, cantoria e abraço em um desconhecido; mas se for decisão por pênaltis cada um deles parece o fim do mundo. Uma bola, linhas, alguns heróis - mesmo que estejam com preguiça e tenham bebido no mesmo dia - e um bando de bestas enlouquecendo do lado de lá do alambrado, sem nem ver direito.
Eu queria não gostar de futebol.
Eu queria não ter um time.
Mas, se der, sábado estarei fingindo, mais uma vez, que todo este tempo aqui fora é só um lapso até os próximos dois tempos.
Um comentário:
nada melhor que ir pro jogo sem pensar muito nele...
despretensioso e divertido.
"vamos?"
"vamos!"
depois de relembrar o gosto azedinho de uma pitomba, chamar o pardal, sorrir com dois gols...
estamos no lucro!
acho que vc não precisa mais fingir!
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