Era tudo branco. Bem branco. Somente branco. Daí, legendas: "-Vovô?! É você?" Era. Conversou um pouco, mas daí os tais barulhos saíram de uma constante, voltando a pulsos, voltando a imagem para a maca, voltando o sorriso dos pais.
Fiquei impressionado. Não fazia mais de um ano que aos cinco vi um balão de oxigênio desfazer meus sentidos para acordar sem poder usar as pernas, com um saco de bombons e essa cicatriz que até hoje guardo.
Tive medo de ir lá. Não por encontrar o vovô. Mas porque, pensando bem, branco com branco, deve ser um saco. Essa tal eternidade, que perguntei pra minha mãe quanto tempo durava. "Pra sempre". Como assim, pra sempre?
Devia ser um saco essa tal eternidade! No começo, beleza, não dá para morrer, onisciência total, oi vovô, oi vovó. Mas depois bem que ia ficar meio chato. Esse tal de pra sempre... ...E ainda mais sem cores!
Daí eu respirei. Fiquei com um pouco mais de medo do balão. Mas sempre que vôo, imagino um pouco como poderá ser lá: agua em sua forma gasosa, atmosfera rala. Maldita ponta de asa, que insiste em existir!
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