Imagino quantos viram aqueles prédios, como eu vi, mas sem saber direito em qual quarto dormiriam na semana seguinte. Monstros de ferro, concreto e vidro a engolir milhões de vidas com o sonho de asfalto e cifras.
Mesmo que cifras só para o feijão e a vontade de voltar.
Teria eu, também, este sonho de falar como falo e ser acusado de sotaque arrastado?! Tirar uma lasquinha de tanto cinza, enfrentar o frio e perder-se entre o ônibus e o jantar?!
Em um metrô debaixo da terra, em avenidas anônimas, em querer tirar foto onde é só mais uma esquina pra quem passa ao lado. Impressionado com o preço de tudo, com o tanto de revistas na banca, as possibilidades, as possibilidades.
Não há concreto. Não há vidro. Não há asfalto. Não há sequer só aquele cinza sem fim no céu. São Paulo pulsa saudades nos buracos daqueles trilhos escuros, sem sequer sinal de celular.
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