sábado, janeiro 23, 2010

Há pouco, gritava Kairós. Uma bem cedo, depois do café, outra mais tarde, antes do almoço, outro um pouco depois, exatamente antes do almoço, mais uma para começar a tarde e, por fim, outra para terminar as atividades diárias. Vez por outra, algumas adicionais para sair correndo, fazer ensaio com dificuldade de alinhamento ou qualquer outra coisa a mais.

Kairós, Kairós, Kairós, Kairós... Nome grego ad infinitum.

Quando ouvi, pensei que era de tribo de índios. Até parece. Todos quase iguais, andando igual, comendo igual, falando igual, morando igual. Uma igualdade um pouco desigual, mas, no fim das contas, chegamos juntos e saímos unidos. Por pouco tempo. Tempo sem mensuração, tempo não cronológico, tempo Kairós. Como a medida de amar é amar sem medida, nosso tempo junto passou sem ser medido (apesar de todos os dias eu saber quantos dias faltavam).

Mas a turma que nós fôramos seria como o é hoje. Uns pensam em ir logo para casa. Outro pensa na conta de luz. Mais um com a cabeça na lua e um último "escama" sem conseguir parar. E o grito AZUL, que já tem até mais tempo, mas só duas vezes ao dia, ainda nem sequer saiu da garganta.

E eu quero gritar. Eu preciso. Estar de cabelo raspados e a roupa suja. Ou simplesmente ter um sentido para estar longe de casa.

Tenho-o.

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