A palavra "Preso" já não parece ser coisa muito boa.
Se no passado me remetia à "Medo", hoje penso muito mais em uma quentinha, já fria, com duas salsichas, um arroz "unidos venceremos" e um feijão que me faria chamar o gerente. Também lembro que alguns dormem no banheiro e, claro, a clara idéia de uma jaula, sem liberdade.
Perdido entre os dedos, já seria uma outra história. Pode ser um cravo - aqueles bem feios, de rosto - saindo da pele entre sangue e pus, como um parto desgraçado de quem terá martírio final num algodão, fundo do ralo da pia. Ou como os deuses mitológicos fariam com os mortais, mudando destinos jogando baralho enquanto vêem TV.
Daí vem a mitologia, vem a língua grega, vem o latim, vem a idéia de que eu posso estar preso entre dedos. Dedos não muito fortes, certamente, nem tão certos. E com virtudes. Virtudes que não cabem aqui explicar, descrever ou definir tão bem: de novidades, tornaram-se nervos.
Não de nervos à flor da pele. Tá, às vezes sim. Mas na maior parte do tempo, como a respiração, como o pulsar do peito que é, de verdade, de verdade, o que faz a gente vivo, e não por causa disso, precisa de palavras, dias ou noites. Não precisam ser grades, mas como minha altura, meu peso, o chão debaixo do pé, a ponta do fio de cada cabelo.
"You know I'm such a fool for you
You got me wrapped around your finger
Do you have to let it linger?
Do you have to, do you have to"
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