sábado, dezembro 23, 2006

São desenhos em caixa de presente. É preciso ter cuidado para não ir ao lixo: é o verso que é raro.

Falar de fotos é clichê, então olho para os crachás, cartões, até um pouco de lixo acumulado, histórico de pagamentos.

Embalei os últimos presentes, arrumei as revistas, fiquei de recesso. Dez dias totalmente livres, depois de 3 anos.

E, lá por dentro, certos planos e vontades dessa cidade que, à despeito do movimento e do sono, nunca esteve tão vazia.

Hoje foi dia de faxina.

terça-feira, dezembro 12, 2006

(Atenção: apenas para quem já assistiu a 2º temporada de LOST)

O último episódio me deixou em êxtase. Como eu não havia notado?! Quando dois brasileiros apareceram, jogando xadrez, matando trabalho na hora do "serviço", tudo se esclareceu para mim! Nada de ET's, purgatório, nanotecnologia ou delírios: Lost é, sem dúvida alguma, uma grande sátira do... Brasil!!!

Como não?! Primeira aquela estátua de quatro dedos. Pode até ter sido construída em homenagem ao nosso presidente, ou um contraponto à Cicarelli, mas o principal mesmo é que só tinha o pé. Ela não foi destruída: as verbas foram cortadas para pagar juros da dívida externa ou mesmo desviadas para pagar luxos em contas externas. Incompleta, a estátua é um ode à BR-116!

E até mesmo na História da ilha lembramos no nosso pobre BraZil. A gente fica sempre achando que os sobreviventes da queda do avião são como Cabral, que por acaso descobriu uma terra de sombra e água fresca. Ledo engano: já tinha inglês, francês, canadense... E a terra intocada sofre é de superpopulação! Chega-se ao ponto de sequestrarem bebês, que maldade! Ou seria para tráfico de órgãos?!

Do grupo de pessoas, nada mais brasileiro: um médico com milhares de pacientes para atender, um trapaceiro (Sawyer), uma foragida da polícia (Kate), um drogado (Charlie), um mafioso (Jin) casado com a adúltera (Sun), um vagabundo (em que o Michael trabalha mesmo?) alguns psicopatas (Locke, Hurley, Sayid, etc.) e um monte de inocentes que estão lá somente para concordarem com esse clã da safadeza. Acho que na terceira temporada vai ficar claro que são eleitores.

Depois se juntam um padre que na verdade é traficante de drogas, uma falsa psicóloga que deve ter um diploma comprado, um hippie da praia de iracema (Desmond, brô) e uma policial que executa os suspeitos. Aliás, as prisões em Lost em nada diferem do Carandiru: uma é um buraco no chão, a outra, um quarto apertado e escuro. E mais: na dúvida, torturam. Não que os presos brasileiros sejam bonzinhos. "Os outros", está claro, nada mais são que uma versão praieira do PCC. Eles, de dentro da cadeia, mobilizam o mundo inteiro, fogem e ainda matam um monte de gente. E aquelas roupas velhas, amarrotadas, barbas falsas e fazer questão de assustar?! Claro! Iam bem perder a chance de receberem o bolsa família?

Já a Iniciativa Dharma não me lembra outra coisa que não as fundações e ONG's. Superfaturam a verba e ainda compraram equipamentos da década de 60. Fornecem alimentação genérica (eu nunca vi biscoito Dharma! Aquilo deve ser feito sem emissão de nota fiscal) e os pilantras em terra ainda saqueiam a comida dos outros. Outra coisa: o trabalho, plenamente burocrático, é puramente fantasioso. Preencheram um monte de caderninhos e NADA! NADA! Se bem que a idéia era boa: apertar um botãozinho todas as vezes que o Lula falasse uma besteira, o que dá, aproximadamente, uns 108 minutos.

Quanto aos números (4, 8, 15, 16, 23, 42), MOLEZA! É só olhar de trás pra frente: 42, 23, 16, 15, 8, 4... Facilitou?! Ainda não?! É tão óbvio! Trata-se da quantidade de deputados presentes nas sessões de cassação de mensaleiros, sanguesugas e outros membros da Iniciativa Dharma, ou seja: sempre descrente, SEMPRE.

Não vejo a hora, agora, de assistir a terceira temporada. A participação de mais um brasileiro (Rodrigo Santoro) já deixa bem claro o rumo que a coisa vai ter. Acho que a ilha deserta nem fica no meio do pacífico, pode ser ali mesmo no lago Paranoá ou na Baía da Guanabara. O avião caiu, óbvio, por falha do controle aéreo e o rádio só dá em interferência porque na verdade é uma estação transmitindo funk.

Já não tenho dúvidas: é nós que ta lost...

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Nunca fui fã.

É sério, isto eu nunca fui. Posso gostar, já ter ido para 10 apresentações e há nove anos ouvir. Mas fã, nunca.

Acho que isso explica um pouco a longevidade. De... De tão simplesmente gostar. De ouvir e achar agradável, depois tatear outras músicas e esquecer por algumas semanas que existe.

E volta. E, quando volta, não ficar com aquele pensamento meio inocente que a gente pode trocar de sonho 10 vezes em um ano, mas quando uma banda troca de formação é porque não tem identidade.

Não interessa se toca na rádio ou se estou em 1986: vou ouvir mesmo assim. E pouco importa se os supostos fãs ao meu lado se comportam como torcida organizada: eles gostam ao seu jeito. Mesmo que seja um gosto superficial, um gosto que vem forte, que envolve cabelo, olhar, grito e histeria. E vai tão rápido quanto vem.

Ali do lado eu, já parecendo um velho, sorrio com a letra que os outros se enfurecem em não saber cantar. Sem mesmo pensar que existiram fãs especiais; lembrando que aquela música está ali para todos. E não é todo mundo que sabe que vão voltar quando gritam pela volta. Não tenho porque me preocupar com contradição quando ela é tão bem aceita.

"O que nos dá coragem
não é o mar, nem o abismo
é a margem no limite
de sua negação"