terça-feira, agosto 30, 2005

-É o Siqueira?!

Eu ri. Todos eram. O terminal era Siqueira.

Nunca tive um ônibus "meu". No final da 8° série, pegava o Parangaba-Náutico para sair da Vila Betânia e ir para a aula no Santo Tomás de Aquino. Mas foi só por três meses - depois que abandonei o transporte escolar - e só de ida.

Agora vou e volto. Lá pro Siqueira. Siqueira-Papicu, Siqueira-Centro Expresso ou Bom Jardim-Centro. Esse último evita o Bom Jardim 2. São 40 minutos, 50 minutos, ou até em 28 minutos, quando tive sorte. Sorte ou coragem, não sei ao certo, me leva a comer salgadinho no terminal. Do Siqueira. Onde se escutam pérolas, mas é até arrumadinho, tem pracinha...

Para quem não soube, o O POVO não deu certo. Alegaram o psicológico, disseram que ligariam, alegaram, ah, não alegaram nada. No começo de agosto, eu cansei de esperar uma ligação. E cansei de só ficar em casa. Restar. No meio do mês, num domingo, comecei a trabalhar no jornal O ESTADO. No dia seguinte, pedi demissão. E ganhei uma história engraçada para ser contada. Três dias depois, comecei a estagiar no Centro de Defesa da Vida Hebert de Souza, lá no Bom Jardim.

É para onde eu vou agora todo dia.
De Siqueira.
Meio calado, meio sério.
Meio alegre, mais satisfeito.

Meio pra dentro, mais para dentro.
Meio de tudo.
Meio termo.
Meio terno, menos ternura.
Mais afeto. Aconchego.

Mais ou menos.
Ou só meio. Só a metade.
Por inteiro.
Com um sorriso no rosto, eu começo a ler L'Étranger...

"Entre um rosto e um retrato
O real e o abstrato
Entre a loucura e a lucidez
Entre o uniforme e a nudez
Entre o fim do mundo e o fim do mês
Entre os outros e vocês

Entre mortos e feridos
Entre gritos e gemidos
A mentira e a verdade
A solidão e a cidade
Entre um copo e outro
Da mesma bebida
Entre tantos mortos
Com a mesma ferida

Entre a minha boca e a tua
Há tanto tempo, há tantos planos
Mas eu nunca sei
Pra onde vamos

Eu me sinto um estrangeiro
Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui
Que não passa de ilusão"

domingo, agosto 28, 2005

"Não é possível que o presidente não soubesse de nada, que ele não tivesse idéia do que o seu homem de confiança fazia na sala ao lado da sua no Palácio do Planalto. Afinal, um presidente da República não pode ser tão desinformado. Aliás, o presidente deveria ter se dirigido à opinião pública para, no mínimo, prestar esclarecimentos sobre esses escândalos."

Lula, em 30/07/2000, referindo-se ao presidente Fernando Henrique Cardoso e ao escândalo da violação do painel do Senado.
Acaba ano, acaba.
Acaba ano, acaba.

Caia logo a neve do Natal, pelo menos venha papai Noel.
Acaba ano, acaba.
Seja presente épocas de presentes.
Acaba ano, acabe.

Acaba ano, acabe.
Por favor, acabe.
Quero saber como tudo vai acabar.

terça-feira, agosto 23, 2005

"-Ah... o seu texto está ótimo. Você poderia ficar logo aqui para fazer coisas que aparecerem?!"

Menos de 24 horas depois.

"-Olha, desculpe, mas eu gostaria de agradecer, mas não me interessa mais a vaga..."
-Mas é possível você ficar vindo até o final da semana?
-Não, não é."

E não me sinto nem um pouco culpado. Sei lá, sempre achei que é importante ter um certo juízo. Em respeito a quem gosta do local, não irei mencionar tudo o que vi. Desde as picaretagens até as minhas risadas.

Eu devia ter feito administração. Ou ter ido para a FAB.
Se eu vejo meu pé direito;
e depois vejo o esquerdo
(e não é ao mesmo tempo)
é porque estou andando

Se eu sigo por essa rua
e nem sei por onde direito
(mas até sei o rumo que tem)
É que eu posso passar por ali

Se só,
Só pra te ver.
(do meu lado esquerdo)
"Eu pensei que quando eu morrer
vou acordar para o tempo
e para o tempo parar.
Um século, um mês,três vidas e mais
um passo pra trás?
Por que será?...vou pensar.

- Como pode alguém sonhar
o que é impossível saber?-
Não te dizer o que eu penso
já é pensar em dizer
e isso, eu vi, o vento leva!
- Não sei mas
sinto que é como sonhar
que o esforço pra lembrar
é a vontade de esquecer...e isso por que?
Diz mais!"

sexta-feira, agosto 19, 2005

"O literato do futuro é o homem que vê, que sente, que sabe porque aprendeu a saber, cuja fantasia é um desdobramento moral da verdade, misto de impossibilidade e sensibilidade, eco de alegria, da ironia, da curiosidade, da dor do público - o repórter"
João do Rio
(início do século XX)
Três folhas ao vento.
Como aquele chute que o volante dá da intermediária e nem acredita muito no que vai ser.

Pode ser que o vento bata, engane o goleiro, e vá para o gol.
Quem sabe até tenha aquele bate-rebate, e gritem.
Ou vai para fora. O que seria mais normal.
Ou é gol. Direto e certeiro.

Deixe disso, só são três folhas ao vento. Que se tornam conversam, que podem se tornar em rotina. Rotina. Rotina é bom. Gosto dela. Não só porque parece com Cantina. Mas porque é com suor no rosto e a certeza da falta do tempo que ele fica bem maior.

Três folhas ao vento. Podem até não dar em nada. Mas já encontrei uma força-vontade que há muito eu não encontrava!

quarta-feira, agosto 17, 2005

A aula começa 9 horas.
A aula começa 9 horas.
A aula começa 9 horas.
E já são nove e dez!

Corro, passo rápido. Encontro a Ariadne, mas mal falo. Acho o mapa. Sala 17. Mas já são nove e quinze! Subo as escadas. Corro. Atrasado! Logo no primeiro dia?! Já tinha gente na sala.

-Excuse-moi... Pardon...

Peraí?! A professora não era para ser a Liliane?! Porque é a Nevinha?! Ela olha estranho para mim. Eu olho estranho para ela. Tudo bem que mudei de horário, mas não conhecer ninguém é estranho.

-Ouvrez le livre à la page...

E eu entendo tudo. Absolutamente tudo. Tô me garantido. Sabia que até o sétimo semestre do francês eu iria começar a entender esse troço. Mas..Como assim?! Esse é o livro passado. Olha ali o Dellano! Essa não é o meu semestre, esse é o segundo!

-Excuse-moi... Pardon...

E saio de sala. Deve ter sido estranho para quem tava lá dentro. Um louco que entra, olha tudo, e sai. A aula começa 9 e meia.

domingo, agosto 14, 2005

Palavras bonitas, palavras sensíveis. Frases engraçadas, até verdadeiras, e ainda divertidas. Em breve, vão comentar comigo "que post bonito!", "amável!", "tocante!", "criativo!". E nem interessa o que esteja escrito!

Conjunto perfeito, eu me expondo. Por querer, por ter o que dizer. Palavras, ah... Palavras! Criativas, maravilhas... Venham a mim, e preencham essa tela em preto. Saiam dos meus dedos e me façam melhor. Uma bela imagem. Sensível, bonito, engraçado.

Imaginário. Idéias que vão e vêm, ao sabor do vento que penso. O resultado é magnífico. Não é um clichê de um cavalo alado, não é uma piada que já conheço ou aquela história simples. São os modelos e tramas que ainda não inventei, mas à noite, sozinho, eu imagino a capa. Uma capa para folhas em branco.

Vou escrever um livro. De um personagem que se esconde do narrador.
E some. Seu nome é

(foi-se. Engraçado, sensível. Tocante)

segunda-feira, agosto 08, 2005

"que som os lábios vão lamber?
vem me ensinar a falar
vem me ensinar te comer
na minha boca agora mora o teu sexo
é a vista que os meus olhos querem ter
sem precisar procurar
nem descansar e adormecer
não quero acreditar que vou gastar desse modo a vida
olhar pro sol, só ver janela e cortina"

sábado, agosto 06, 2005



"A bomba atômica é triste
Coisa mais triste não há
Quando cai, cai sem vontade
Vem caindo devagar
Tão devagar vem caindo
Que dá tempo a um passarinho
De pousar nela e voar...
Coitada da bomba atômica
Que não gosta de matar!

Coitada da bomba atômica
Que não gosta de matar
Mas que ao matar mata tudo
Animal e vegetal
Que mata a vida da terra
E mata a vida do ar
Mas que também mata a guerra!
Bomba atômica que aterra
Pomba atônita da paz"

quarta-feira, agosto 03, 2005

Não vou esperar mais decisão de outros. Se aparecer outra coisa, vou buscar. Mas só quero ficar tranqüilo. Beijos e sono, um livro por semana. Monografia feita no fim do ano. Alergia a caranguejo não é mais coceira. É falta de ar e uns calombo que são um aleijo. Fui para praia, mas não fiquei bronzeado. Não morri de tétano, mas me cortei no parafuso enferrujado. E não quero isso em verso chato, sim em parágrafo.

"Eu não sei fazer poesia. Mas que se foda. Eu odeio gente chic.
Eu não uso sapato"*

*Eu acabei gostando dessa música. Mas que se foda.
"não peça perdão, a culpa não é sua
estamos no mesmo barco e ele ainda flutua
não perca a razão, ela já não é sua
onda após onda, o barco ainda flutua

ao sabor do acaso
apesar dos pesares ao sabor do acaso... flutua
então, preste atenção: o mar não ensina, insinua
estamos no mesmo barco, sob a mesma lua

no mar, em marte, em qualquer parte
estaremos sempre sob a mesma lua
ao sabor da corrente tão fortes quanto o elo mais fraco
ao sabor da corrente... sob a mesma lua

âncora, vela
?qual me leva? ?qual me prende?
mapas e bússola sorte e acaso
?quem sabe (?) do que depende?"