quarta-feira, maio 21, 2008


Ok, vamos fazer um acordo.

Eu esqueço que o Goolge Analytics desse blog mais parece um ECG de um zumbi, e vocês fingem que eu tenho cabelo grande, uma barba um pouco mais espessa e ainda estou me encontrando.

É que eu pulso como quem pulsa pela primeira vez. Falo palavras de amor como confissões assinadas de supetão ao relento do horizonte perto. Corro quarteirões ao ritmo da fome que se desfaz ao sorriso e ao olá.

E filme de domingo a noite vira trilha sonora da semana, vontade de gostar até não poder mais e ficar na cama. Na cama. Na cama. Como que em coma. Sem querer acordar de um acordado tão bom.

Voz doce e baixa; ou alta para ser ouvida no banheiro. Eis meu grito e canto. Abraço rápido de meio-dia corrido; ou carinhoso de meia-noite sonolenta. Eis minha dança.

Mesmo sem cabelo grande, nem barba, nem grandes descobertas; esse dia-a-dia como quem descreve o que é ser feliz.

(À propósito: achei minha antiga cabeleleira. E continuo ouvindo she loves you, yeah, yeah, yeah...)

Um rato. Um cano. Um rabo.
Um intestino a ser comido.
Tortura.

Ideal. Possível. Sonhos.

A serem sonhados.

Ventura.

Bandeiras queimam.
Lágrimas marcham. Tropas escorrem.
Até ter sido sonho demais.
Pra ter sido verdade.



quinta-feira, maio 01, 2008

Amanhã era pra ser domingo.

Só mais um domingo. Um domingo vazio. De manhã sem sentido. Desde que o Senna se foi, domingo não é mais domingo.

Domingo de tarde de melancolia. Tarde vazia como batida em um poste. Noite sem notícias e tristeza por anos. Desde que o Chico se foi que domingo não tem mais cara de domingo.


Mais um daqueles dias que na hora do almoço eu lembro quando um frango e uma coca-cola de 1 litro dava para muita gente. Frango, não, galinha. Galinha com cheiro de quintal da vovó e caminho para o Veneza Tropical.

E desde que meu avô morreu, numa noite de domingo, que a segunda parece um porto seguro.

Vou morrer em um dia de domingo. Não sei se como criança de domingo. Se como velhinho com sondas, memórias e mãos-filhas em volta. Ou herói que dá sentido até em dia sem trabalho.

Tenho uma bermuda verde-limão.

Comprei como piada. Um calção de banho de inédito. Ele foi para algumas feijoadas, churrascos e aniversários. Traje básico de quem falava, falava, citava, recitava, bebia, e não sabia sequer para onde ir. Um dia, após elogio de "o Humberto sabe beber", enchi a grama de vômito e a boca de grama. O corpo no chão, a risada perdida, a lembrança pela metade e, lá longe, uma menina via. "Que decadência!". E "decadência" também era ela!

Não sabia, mas tinha conhecido dez dias antes. "Quem és tu, criatura?". Como ela odiava o boçal "quem és tu". Como ela odiava, quer dizer, odeia, o "criatura". Nem lembrei do nome um dia depois. Passou. Só mais uma interessada em frases fortes e piadas sem graça em um blog que, aquele sim, tinha muitos visitantes. Até bonitinha. Belos beiços.

Passa ano. Passa noite de sono em quadra de concreto. Sol que nasce em amigo-irmão que hoje é só conhecido. Passa, tudo passa.

Até que passou da hora daquela boate chata. Fui lá fora, encontrei outro amigo. E ela, a que me viu de bermudinha verde-limão, lá fora, enchendo o saco, ela ali, sim, bem "criatura". Perdida que nem eu, ela de um jeito, eu do outro.

Aí eu pensei, mais ou menos uns 2 meses depois: "quer saber?! Hoje eu vou ser inconseqüente! O que tiver que ser será. Eu quero é aproveitar!". Saí então feito doido, com umas gotas de perfume e 7 reais, "será que dá?", no bolso.

Passaram-se cinco anos. E agora estou em casa. Nossa casa.

Eu não bebo mais. Nem ela. A bermuda verde limão continua lá, firme e forte. E se eu quiser saber "quem és tu, criatura", eu mesmo respondo, "é minha mulher, é minha companheira". A melhor inconseqüência da minha vida. A melhor vida que eu poderia sonhar entre copos de vinho barato, frases-sinceras entre sorrisos e caminhadas sem fim.

E eu me sinto como o Jonh, no começo da carreira, sorridente e feliz.

She loves you
Yeah, yeah, yeah....