segunda-feira, março 29, 2010

Vejo a vida hoje como um texto descritivo do passado.

Vejo as luzes da cidade, depois do Natal, e consigo achar lindo o Congresso com o amanhecer vindo aos poucos.

Vivo em endereço de numeral, pego o trânsito com cuidado para não amassar a roupa. Encontro-os, rio com tempo certo, deixo os dedos nos numerais pelos números da conta.

Como quem ainda não disse "Senhôra, sou eu", tenho os dias de elevador, supermercado, cotidiano de quem pra mim ainda mora longe. Por favor, obrigado.

Sou, eu mesmo, a pessoa estranha de longe.

O longe de onde já senti saudades. É, a terra tremeu. Senti tremer como nunca havia sentido antes. Com sono, com frio, com visa linda dos Andes, e um certo pensamento de que ia morrer.

A terra tremeu. E agora eu estou aqui.