segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Se você me perguntar o que é o amor eu vou pedir para imaginar um carro com um casal de 20 e poucos anos dentro. A estrada está ótima. Eles vão céleres. Escutam as melhores músicas que se pode escutar. Só tem os dois dentro do carro, mas toda a parte traseira está lotada. São roupas, panelas, livros, são uma mudança. Mudança para nova vida. Mudança rumo ao futuro.

Passam de 100. O asfalto é bom. Passam vários outros, lentos, e o sonho fica mais próximo. Mas aí, nesse momento, sobe um leve cheiro de óleo, vem uma luz e um barulho estranho. Pronto. É iniciada uma contagem, no meio do nada, em que cada minuto a mais de fome e de sede trazem consigo o pensamento de "onde estaríamos agora". O sol fica mais forte, e o mecânico desconfiado fala o que é péssimo de ser falado. Há fome. Há replanejamento. E há lamentáveis "e se" que já fogem ao mapa e julgam ações da última meia hora. Dos últimos dias, meses, anos. Sete anos.

Sete anos ou cento e setenta e dois quilômetros. Nenhum padre, pastor ou juiz vai perguntar "aos sete anos ou aos 178 quilômetros". É isso amor. Pra bom ou pra ruim.

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Sinto o cheiro de sanduíche e sinto uma alegria incrível. É meu primeiro sanduíche em muitos, muitos, muitos meses. Um misto com requeijão nunca terá um sabor tão grande! O que já se passou desde o último?! Não falo desde o último sanduíche, pois tive muitos nos últimos tempos. Mas eles vinham em embalagens, pacotes, com nota, com "obrigado, senhor. PRÓXIMO!".

É meu primeiro sanduíche, na verdade, são meus dois primeiros sanduíches, em muitos meses. Sanduíche com gosto de pé no chão, bermuda, cabelo bagunçado e sentimento de "estou em casa".

Casa! Sim! Casa! Agora olho para as paredes azuis e sinto um pouco o que é casa. Deito na cama recém chegada e ainda convivo com os isopores, plásticos e papelão. Nem acredito: está acabando esse interlúdio da vida.

Ouço música e adoro pensar que agora posso simplesmente voltar a pensar com a paz de estar em casa. Penso na teoria que mais me inquieta: o autor morreu?! Isso me parece tão sensível quanto a quarta dimensão. Entendo pouco, não pesquiso muito as vezes, acredito que sim. Outras, acredito que não.

Mas ouço a música sobre cachorros e rio do trecho que parece meu dia a dia:

"Minha vida vai
Um ano contam sete
Rumo ao fim
Acho que ninguém tem dó de mim

Quase não me sobra tempo algum
Não conheço bem lugar nenhum
Fora do trabalho
Eu acho essa cidade
Tão ruim
Acho que ninguém tem dó de mim"