sábado, abril 30, 2005

A vida passa nos meses frente aos olhos.
Há quanto tempo eu não postava, de casa, sem blusa e olhando para a lua?

Eterna dúvida se eu sou apenas quem eu era e não sabe onde está.
Toda vez que me pedem um trocado eu entro em crise.

Eu, que me sinto bondoso por compartilhar guarda-chuva com desconhecidos em dia de tempestade em avenida d´água, fico sem saber o que fazer. A gente fala de social. De moderno. De pós-moderno.A gente argumenta que a violência é culpa das desigualdades sociais.


Então, em um sinal, pedem trocado. Olho minha carteira: agora mesmo tenho R$ 11,10.
Não tenho ilusões. As palavras nunca irão bastar, nem as futuras, impressas.
Por quê eu disse que não?!

domingo, abril 24, 2005

A bola entra entre redes e o grito é inevitável. Pulos, abraços e comoção.
É gol.

O silêncio, peso cruel à minoria que insiste em existir no nosso reino é esquecido. No barulho, no grito, no ardor da garganta com veias à mostra e ecos no vizinho; não há oposição. Para não ouvi-lo, somente com mais barulho. Eu grito, você grita, eu não te escuto, nem você a mim.

Mas a lembrança é boa. É grito amigo, é abraço e alívio, isso pois estávamos aos 44. E, no teu ou no meu quarto, os sussuros são mais altos que gritos. E seguimos - quando já pensavam que eram os acréscimos, inevitáveis e crescresntes, como um grito. Lá vem a prorrogação.

E eu ouvi falar que tem gol.


quarta-feira, abril 20, 2005

Se fosse um filme, a cena estaria ficando escura. A música, mais alta.
É o fim de um capítulo.

A câmera se foca no meu rosto, no meu olho, na minha boca a pronunciar as próximas palavras. E em uma pintura, um corpo com cores em fuga, em velocidade, transformação.

Eu estudo, e o sujeito é mutável, descentrado.
Eu me divirto, e tudo é instável.

E vou me des-prendendo de muitas coisas, ao mesmo tempo.
Agora.


(Sempre foi assim. Da 4° para a 5° série, eu mudei o comportamento, de idade, de paquera, de turno da escola, de série, de interesses)

sexta-feira, abril 15, 2005

"Vida louca, vida
Vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve

Vida louca, vida
Vida imensa
Leve leve leve leve..."

quinta-feira, abril 14, 2005

Para não dizer que não falei de flores, vou falar de quando a vi morrer.
De que uma caixa, vazia, é tão sozinha! Que entre restos, papéis, fotos e desenhos, há lembranças que não se rasga.

Para não dizerem que não falei de flores, eu pensei em amar uma flor por ela não ser única, e por seus quatro espinhos não a protegerem de nada.

E sobre uma flor, eu me proponho à cativá-la, dando voltas rápidas no mundo e o que for possível para ficar ao seu lado.

Para não deixar de te mandar um beijo, minha flor, eu me desfaço em braços.
Os teus.
"se eu fosse embora agora
?será que você entenderia?
que há um tempo certo para tudo
cedo ou tarde chega o dia

se eu fosse sem dizer palavra
?será que você escutaria?
o silêncio lhe dizendo que a culpa não foi sua
é que eu nasci com o pé na estrada
com a cabeça lá na lua

não vou ficar... não vou ficar
[eu fiz bandeira desses trapos... devorei concreto e asfalto]

tenho feito o meu caminho
volta e meia fico só
reconheço meus defeitos e o efeito dominó
mas se eu ficasse ao teu lado, de nada adiantaria
se eu fosse um cara diferente
sabe lá como eu seria

[não vou ficar... não vou ficar]
[eu fiz bandeira desses trapos... devorei concreto e asfalto]
[fiz o meu caminho... devorei concreto e asfalto]"

segunda-feira, abril 11, 2005

É ele, do outro lado da avenida (com ela, estranha, que nunca se identifica, mas sorri como quem não quer dizer algo).

Anda alegre, saltitante, com a barba ao vento e o sorriso aberto. Como eu bem conheço.
Sim, é ele.

E eu ali, a justificar. O j, o u, o s, o t, o i, o f, o i, o c, o a, o r. Sendo vilão sem culpa alguma.

sábado, abril 09, 2005

Biscoito chinês diz que vou conseguir tudo aquilo para o qual sempre luto.

Ótimo. Maracanã, enchei-vos, vou aí cantar Guantanamera.

(Presente rápido, inesperado e sincero daqueles que você nem imagina que existem)
"Sempre estive... ao seu lado
Me diga agora... se estou errado
Você me ama... isso eu sei
Mas me deixou... sem ter porque
Você pode inventar mil desculpas
Mas meu bem você já é bem adulta
Pra ficar comigo"

A vida bomba. Três dias "bebendo" o almoço, e ninguém ressucita. Fazendo quatro horas onde há duas, cinco onde há três, e o sono, seis, cinco, quatro, três...

Xerox. Livro. Pauta. Entrevista aqui, entrevista aculá. Pedra na prefeitura, e eu vendo. 10 minutos é pouco pra você?! É padre chato, pode ser muito pra ti, e pra mim também.

O melhor de si em pouco. O melhor de si em tanto lugares. Depoimento, conselhos, já sei por onde vocês devem caminhar, mas na minha época eu fazia diferente, fica melhor com mais esforço.
Eu já falo da minha época, eu já falo que algo passou. E o devir é incerto.

"Nos momentos... que deitamos
Eu me lembro... foram muitos planos
Agora vejo tudo desmoronar
Abro meus olhos... você não está"

E entre uma coisa e outra, ainda há tempo de uma canção. Ou sentar no banco da bela praça, sozinho, a pensar. É verdade, eu faço entrevista correndo atrás dos carros. Sim, é fato, eu faço algo planejando outro e sentindo um outro.

Pois eu não deixo de sentir.

"Vem ficar comigo... sem mais demora
Pra ficar comigo... de vez"

E assumindo novas idéias, sem deixar as anteriores. Até quando puder. Até breve. Mas é possível, sei que é. E mesmo se não der, tudo bem.

"Trabalho muito... o dia todo
No fim do mês... não me sobra um troco
Mas sem dinheiro sei que posso viver
Sem você... eu não sei"

Casa. Olhos baixos. Costas ao chão. Besteiras minhas, muitas besteiras. E no final de tudo, eu me faço estúpido. Mas nem por isso deixar de tentar.

"Meus sentidos estão todos a mil
No meu carro tem um banco vazio
Vem ficar comigo... sem mais demora
Pra ficar comigo... de vez"

A vida no álamo. Ou bombando, diriam.

Achei isso no meu bloco:

Como se cada letreiro luminoso fosse encatamento; movimento; velocidade; cores: motivo de distração.

São dias em que eu olho os sorrisos comendo desejados sanduíches do Habib's e eu tomo cuidado para não ficar ali, parado, na calçada. Há notas no bolso, se quissesse, mas fico ali.

Há dias que eu fico em silêncio, e espanta quem me vê quando estive sozinho em casa.

Tocando os braços na parede sem ver a hora passar, notando que, às vezes, eu me sinto assim.
Simplesmente assim.

segunda-feira, abril 04, 2005

Como eu me porto com a morte do Papa?!

É uma boa questão a ser perguntada; é uma boa coisa a ser pensada. Aos 19, a Polônia invadida. Guerra até os 25. Teria tudo para ser mais um corpo numa cova rasa na foto esquecida. Um sobrevivente. Mas algumas mortes tem mais importância que outras tantas.

Fisicamente, é triste um homem de 85 anos perder 19 quilos em 20 dias.

"Your lips moves, but I can`t hear what you saying"
Descrença no que parecia ser certo. Lampejo de sinceridade. Franco-
atirador.

Que diz o que sente e magoa, por destruir castelos de fumaça que havia criado.
(Mas sob a tênue visão, há muito a ser visto)


"quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado"

Não pensei que fosse durar tanto.

E quando menos percebi, era sexta. E hora após hora, indo ao banheiro muitas vezes, dormindo em demasia por ser difícil ficar acordado, acordei dias depois. Uma semana que não existiu. Com a agenda em branco, tarefas não cumpridas e atrasos que me desesperariam se não fossem involuntários.

Quando a vista está baixa, a perna trêmula e as datas rápidas; é hora de aprender a parar um pouco.

Tive uma virose, que a pior coisa que tinha era a dor de barriga. Perdi 2 quilos em 4 dias. Devo ter recuperado grande parte - só líquido. Mas doeu, doeu. E passei mal o suficiente para desejar o dia de hoje.