domingo, junho 29, 2008
Aí ele pensa em querer sair para andar de bicicleta, lutar contra nazistas só com o mouse e o teclado, pular onda no mar. Não, menino, não pode. Vai tirar esses pêlos do rosto e saber quanto deu a conta de luz.
Tem e-mails para ler. Tem aqueles planos maravilhosos para colocar em prática. Tem que planejar o futuro. Tem que acreditar. Mesmo se for muito difícil, tem que acreditar.
Hoje eu já tenho litros de antidesengordurante. E uma fé ainda maior em Le Bourget.
sexta-feira, junho 13, 2008
Treze de junho de 1983. Há exatos 25 anos, a humanidade foi além de qualquer limite antes conhecido. Naquele dia, um objeto construído pelo homem cruzava as fronteiras do Sistema de Solar pela primeira vez. Em tempos de Guerra Fria, quando uma hecatombe nuclear poderia acontecer a qualquer momento, foi um dia de esperança. Hoje, com o medo do aquecimento global, há quem ainda espere algum sinal positivo vindo do espaço.
quarta-feira, junho 04, 2008
Imagino quantos viram aqueles prédios, como eu vi, mas sem saber direito em qual quarto dormiriam na semana seguinte. Monstros de ferro, concreto e vidro a engolir milhões de vidas com o sonho de asfalto e cifras.
Mesmo que cifras só para o feijão e a vontade de voltar.
Teria eu, também, este sonho de falar como falo e ser acusado de sotaque arrastado?! Tirar uma lasquinha de tanto cinza, enfrentar o frio e perder-se entre o ônibus e o jantar?!
Em um metrô debaixo da terra, em avenidas anônimas, em querer tirar foto onde é só mais uma esquina pra quem passa ao lado. Impressionado com o preço de tudo, com o tanto de revistas na banca, as possibilidades, as possibilidades.
Não há concreto. Não há vidro. Não há asfalto. Não há sequer só aquele cinza sem fim no céu. São Paulo pulsa saudades nos buracos daqueles trilhos escuros, sem sequer sinal de celular.
Algo aconteceu.
Algodão no nariz, medo, lágrimas. Dizem que ele teria saudades, mas que não gostaria de nada. Só uma dor pela dor dela, e um lamento pelo será.
Seis mãos na peça de madeira barata, para virar pó, quem sabe. Palavras pouco importariam. O ouvido não escutava mais. A boca não falaria mais. O nariz, só um enfeite de face fria e fechada.