quinta-feira, agosto 31, 2006

E pára.
Permanece imóvel. Estático. Sem novidades, sem palavras. Mas com vida. Só sem tempo.

Nunca serei escritor.
Meus pensamentos vão como as moedas no ônibus. É, essa foi fraca. As idéias são presentes. Em todos os lugares. Mas bestas. Nada espetacular. A vida passa em cada engarrafamento. Um Marroquino e um Esquimó entenderiam. Cansaço. Sono. Alívios. Amores.

Eu preciso. Viver preciso.

Três telas abriram agora. Já nem sei o que eu fazia com esse teclado na mão.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Acho até estranho.

Venho aqui e olho: tantos dias. As últimas palavras sempre estão tão distantes! Sejam elas de agora, de ontem, de cinco minutos. É rápido.

Uma frase vem e já é atropelada por outra. E vai. Uma alegria vem e já vira tristeza, que já é esquecida, que vira eficiência, cansaço. Dormir.

E se levantar passa a ser uma tarefa repetida que acontece tantas vezes sem que quase perceba. Feito piscar os olhos enquanto uma folha de move. Quase setembro.

Eu sorrio, eu tenho um plano. Tenho algumas questões. Umas problemáticas; outras soluções.

Mas agora vou ali indo pra aula.

segunda-feira, agosto 14, 2006

"Eu tenho um coração
eu tenho ideais
eu gosto de cinema
e de coisas naturais
e penso sempre em sexo
oh yeah"

Ah, ops. Segunda-feira.
Sol, 33ºC, vento leve.

terça-feira, agosto 08, 2006

"Você já tentou varrer a areia da praia?
Já perdeu a hora quando o tempo pára?
Já gritou uma palavra até perder a fala?
Você já tentou varrer a areia da praia?
Já viu sumir a última estrela da madrugada?
Já ficou um dia, um mês, um ano sem fazer nada?
Já colocou todas as roupas do armário na mala?
A sua casa já desmoronou no meio da sala?
Você já tentou varrer a areia da praia?"

Não tem limite. Sempre tem mais a insistir. Mais uma hora, mais uma tentativa, mais uma ligação; mais uma desistência, que seja. Vêm veias, gordura entope artérias e basta um pequeno cisco para parar o coração. Ou logo uma vasinho, pequeninho, que dá parilisia. Suor. Calo. Calor. Cravo pula do rosto, expelido, exorcizado. Vidro que embaça, óculos sujo. Torto. Quebrado. Meia fedorenta. Mais. Não ainda.

Azia. Não é suficiente. Se pode mais. Sempre mais. Mais uma tentativa. Mais uma hora. Mais uma insistência, desistência, persistência, existência. Inconcistência. Não ainda.

Sempre se pode mais. Só mais um pouco. Basta um par de meias. Janela aberta. Respiração ao lado. Rosto ao lençol.

quarta-feira, agosto 02, 2006

"São 18 horas e 30 minutos
do dia 30 de março de 1993
terça-feira"

Há frases perdidas, há outras que ficam. Tem músicas que a gente esquece. Outras nem tanto. Onde será que eu estava?! Saindo da natação?! Com um lego na mão e alguma idéia estranha na cabeça?!

"Não quero ser útil, quero ser utilizado"


Onde eu estava?! Sozinho em casa, vendo demônios, alienígenas e torcendo por uma buzina?! Cabelos sobre o óculos sujo, tarefas a fazer e enciclopédia aberta.

"Se eu tivesse os seus olhos
eu seria famoso
Se eu tivesse os seus olhos
eu seria famoso
Se eu tivesse os seus olhos
eu seria famoso
Se eu tivesse os seus olhos
eu seria famoso"

terça-feira, agosto 01, 2006

E foi com uma pitada de surpresa que finalmente hoje saiu publicado um texto escrito há uns 2 meses. Estranho folhear o jornal e se deparar com sua própria foto!

O dia da vingança

1993: aqueles dois a zero doeram. E muito. Podiam me falar à vontade que a altitude de La Paz era cruel para os jogadores, mas aos 9 anos é inadmissível ver a seleção perder a então invencibilidade absoluta em todas as Eliminatórias. Ainda mais quando, naquela época, conquistas de Copa do Mundo eram só histórias distantes das pessoas mais velhas.

Sem prever a existência futura do tal Evo Morales, senti que o Brasil foi humilhado, ultrajado pelos bolivianos. O jogo de volta prometia. Ah, se prometia! Sem entrar em campo e sequer poder dizer ao Palhinha como eu o achava um grande jogador, sentia-me um responsável direto pela necessidade, pela obrigação nacional de vencer a Bolívia. E o acaso me ajudou.

O jogo seria no Recife. Perto, quando olhava no atlas e via a distância ser menor que o meu dedo. Longe, imaginando o tanto de gasolina que precisava. Quando meu pai disse "a gente bem que poda ir ver o jogo por lá", nem acreditei. Parecia ser o próprio Natal em agosto. Na sexta-feira, um negócio fechado (ele é autônomo) garantiu a viagem. Sem preguiça nenhuma, na madrugada seguinte acordamos bem cedo.

Com um pouco mais de gente no carro que o Detran permite, estrada à frente! Talvez pela simples aventura, o caminho mais distante foi escolhido. Nada de ir pelo litoral. A idéia foi andar "por dentro", visitando as cidades e de certa forma se sentindo meio herói ao dizer "estou só de passagem, na verdade, estamos indo ao jogo de amanhã lá no Recife".

E chegamos em cima da hora. A tempo ainda de achar o tal do estádio do Arruda e matar a grande curiosidade: seria ele pequeno feito o PV ou grande como o Castelão?! Felizmente, o suficiente para caber a gente. Tudo bem que um cidadão um pouco alto não me deixou ver o Branco pela lateral esquerda, mas os seis gols eu não perdi. Seis. Seis! Seis a zero, Brasil!

2.750 km rodados, seis gols, nove anos e sonhando com o Tetra que viria em 11 meses. Não precisa nem dizer que poucas horas depois, já em João Pessoa, deitei no banco do carro para ter a melhor noite de sono da minha infância.