terça-feira, agosto 08, 2006

"Você já tentou varrer a areia da praia?
Já perdeu a hora quando o tempo pára?
Já gritou uma palavra até perder a fala?
Você já tentou varrer a areia da praia?
Já viu sumir a última estrela da madrugada?
Já ficou um dia, um mês, um ano sem fazer nada?
Já colocou todas as roupas do armário na mala?
A sua casa já desmoronou no meio da sala?
Você já tentou varrer a areia da praia?"

Não tem limite. Sempre tem mais a insistir. Mais uma hora, mais uma tentativa, mais uma ligação; mais uma desistência, que seja. Vêm veias, gordura entope artérias e basta um pequeno cisco para parar o coração. Ou logo uma vasinho, pequeninho, que dá parilisia. Suor. Calo. Calor. Cravo pula do rosto, expelido, exorcizado. Vidro que embaça, óculos sujo. Torto. Quebrado. Meia fedorenta. Mais. Não ainda.

Azia. Não é suficiente. Se pode mais. Sempre mais. Mais uma tentativa. Mais uma hora. Mais uma insistência, desistência, persistência, existência. Inconcistência. Não ainda.

Sempre se pode mais. Só mais um pouco. Basta um par de meias. Janela aberta. Respiração ao lado. Rosto ao lençol.

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