sexta-feira, abril 27, 2007

Esperança é um pêndulo que balança. Às vezes acho que com uma força que parece vento de agosto. Em alguns dias, é uma calmaria que deixa a água suave, mas não leva para nenhum lugar. Noutros, vira voraz vento veloz.

Mas eis que esta tal de esperança, na maior parte do tempo, é verdade, insiste em vir por nossos olhos olhando para os outros. A gente a perde até quando vê, presta atenção, mas jamais acreditaria que ali, ali mesmo, tão movimentado, seria surpreendido.

Uns dez ou quinze meninos. A idade não varia muito disto. Foi preciso falar grosso. Não, você não vai jogar essa pedra em mim. Não, eu não tenho "um bucado de onça na carteira". E sim, estou apenas indo para casa andando. Criavam coragem. Não tiveram: me safei. Mas um dia vão ter, mais cedo ou mais tarde. Mais que pedras, sei que vai ser à bala.

Foi-se. Só que voltou, no dia seguinte, lá longe, no meio do sertão da caatinga que se chama assim e não fede. Pelo contrário. Tava com aquele cheiro bom de chuva, barro molhado e milho crescendo.

Estes eu pude contar. Eram dez. A idade, não variava muito disto. Mas bastou ficar calado. Eles que cantaram. Eles que falaram em ser tal de cidadão. Eles tinham a rima. Eles embolaram, se fizeram de doutor a cumpadi, falando de terra, falando da terra.

E veio de novo.
Esta velha esperança de acreditar em todos.

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