domingo, janeiro 17, 2010

Meus amigos, eu preciso contar uma história que ontem aconteceu comigo e com o Tenente Rachid.

Estar trabalhando no frio, em plena madrugada, depois de um dia inteiro de trabalho não parece ser uma realização muito grande. Mas tem coisas que fazem a vida realmente valer à pena.

Estávamos na Base Aérea de Brasília, mais de 4 horas da manhã, e já havia sido feito o desembarque do caixão da Dra. Zilda Arns. Os jornalistas faziam perguntas diversas, e uma senhora tímida, de olhar triste, acompanhada de um rapaz chamou o Rachid pro canto e fez uma pergunta sobre os brasileiros repatriados pela Força Aérea.

Ele me chamou e eu cheguei como quem ia atender a uma jornalista, mas assim que eu falei os dois primeiros nomes a cidadã abriu um sorriso e demonstrou uma alegria realmente incríveis. Não era jornalista. Era família. Ela é madrasta de dois rapazes que sobreviveram ao terremoto no Haiti, uns dos poucos sobreviventes do prédio onde estavam. Já tinham notícia de que eles estavam bem, mas eu e o Rachid demos ali a certeza disso e, melhor, estavam vindo para o país.

Foi uma imensa, gigantesca, satisfação perceber tão claramente que cada nome em cada notícia é uma vida humana. E todo o esforço que a FAB e outras pessoas e instituições fazem em salvar quem mais precisa de ajuda é extremamente válido e necessário.

Fico muito feliz de poder lembrar disso por muitos anos e ter a certeza que mesmo distante da tragédia posso dar a minha contribuição. É quando o cansaço ganha sentido e a gente se sente simplesmente feliz.

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