quinta-feira, outubro 01, 2009

Há quatro rostos para quatro computadores. Sorriem de fones de ouvido e às vezes falam para o nada. Há outro ali perto, com livro. Outros dois matam a fome. Sem pressa. Faz um barulho de avião ao longe. Sorrio. Para mim, é música. Música antiga. Música boa. Música que sempre gostei. Música que agora é minha casa.

Estou onde quis. Não que seja perfeito. "É da Globo". "Qual Globo?!". Agora, há mais de uma. Não! Não sou dos que aparecem! Sou dos que fazem questão de ficar longe do vídeo, longe da foto, longe do discurso bonito que, talvez, eu mesmo escrevi. Ali, meio de lado. A autoridade necessária, a obediência esperada.

E alguém me fala que isso aqui não é para quem gosta de "aviãozinho", é pra quem "é bom", eu digo que sim. Que posso ser bom. Digo que o mundo é muito maior agora. Mas sei quem sou. E também sei, com toda força, que quando a gente se pega sorrindo pelo trabalho que acaba de receber, quando AMA o que faz, quando AMA sobre o que escreve, a cadeira fica macia e por mais que canse, no fim do dia, pensar... Estou aqui. Estou onde quis estar. Meu lugar.

Lugar longe. Lugar que dói. Lugar de estar perdido. Ruas que não sei o nome - é que elas não os têm. Rostos desconhecidos no corredor - e tantos "boa tarde", "bom dia", "obrigado" que trocaria por uma só conversa amiga.

E saudades. E saudades. E saudades. Saudades do que ficou há tempos, mas sempre esteve cá comigo. Saudades do que parecia novo, e hoje é antigo. Um viver que parece um eterno adeus. Datas que tanto trazem, tanto levam! De quando a gente conta os dias pros dias passarem logo, só para depois sentir falta deles.

E dentre tantos sentimentos, lembro do suco de goiaba dos almoços só com a minha mãe. Quando morava a dois quarteirões e já era longe. De uma passagem de luxo trocada por duas simples só porque eu queria ver a estrada. Da estrada de dois mil setecentos e setenta e cinco quilômetros muito bem contatos, seis gols e fotos que não sei onde estão - mas nunca, nunca, nunca vou esquecer do meu pai. E hoje só tenho uma foto deles.

E basta-me. Qualquer avenida dupla sem nenhum carro passando por ser minha casa se eu fecho os olhos e sinto aquele vento que só tem lá.

Um comentário:

Caco disse...

Que coisa mais linda.