A doce dor de uma tarde livre. A estranha agonia de querer ver dias livres, mas vê-los e precisar olhar para semanas seguintes. Nunca ninguém vos disse, senhores, que seria fácil. E eu me faço sempre de difícil! O que quero, o que espero, o que almejo; o que me mata.
Mas mata e dá vida. Dá a vida como a dor do câncer que consome, cansa, destroça; e valoriza. Valoriza cada segundo. Cada frase em sinal fraco que não trazem nada além do previsto - era previsível ser assim.
E o sono que não mais quer vir quando a cidade dorme lá fora. Estranho dizer "bom dia" quando ainda é noite, "boa noite", quando é de tarde. E o telefone toca, e tudo muda. Tudo. Tudo muda. A dor pode ser só em um ponto. A esperança pode existir. E, quem sabe, eu possa até sorrir.
sexta-feira, outubro 23, 2009
segunda-feira, outubro 12, 2009
Vejo os raios distantes de terra estranha. Olho e sei que estão ao sul. É que giro, vou, alcanço e sempre sei para onde olhar. Algo entre o Norte e o lado de onde vem o sol. Onde há mais que ondas tortas e tranquilidade. Há lembranças nas ruas, chances de ver conhecido em esquina. Onde há, veja só, esquinas.
E minha vó que já não é mais que ossos me liga a sobrenomes estranhos que posso chamar de família. Lembro do pé de cajaembú. E gosto! Como gosto! Como agora adoro as comidas antes sem graça, antes sem cor, antes sem marca. Agora a lembrança que explica meu modo de falar e o vazio do olhar que pode se tornar lacrimoso à lembrança do gosto de uma panela só ao fogo com arroz e feijão.
Mas abro o jornal e as letras miúdas com tantos números me dizem que um dia vou saber, quem sabe, o que é uma casa. Uma cama não sei qual para deitar e novos sonhos. Doida arte de sonhar. A gente faz planos, realiza, e depois fica se sentindo perdidão.
Daí vem a saia ao lado. E as saias são sempre muito mais que baús da felicidade. Se singular, é ela por si só.
E minha vó que já não é mais que ossos me liga a sobrenomes estranhos que posso chamar de família. Lembro do pé de cajaembú. E gosto! Como gosto! Como agora adoro as comidas antes sem graça, antes sem cor, antes sem marca. Agora a lembrança que explica meu modo de falar e o vazio do olhar que pode se tornar lacrimoso à lembrança do gosto de uma panela só ao fogo com arroz e feijão.
Mas abro o jornal e as letras miúdas com tantos números me dizem que um dia vou saber, quem sabe, o que é uma casa. Uma cama não sei qual para deitar e novos sonhos. Doida arte de sonhar. A gente faz planos, realiza, e depois fica se sentindo perdidão.
Daí vem a saia ao lado. E as saias são sempre muito mais que baús da felicidade. Se singular, é ela por si só.
quinta-feira, outubro 01, 2009
Há quatro rostos para quatro computadores. Sorriem de fones de ouvido e às vezes falam para o nada. Há outro ali perto, com livro. Outros dois matam a fome. Sem pressa. Faz um barulho de avião ao longe. Sorrio. Para mim, é música. Música antiga. Música boa. Música que sempre gostei. Música que agora é minha casa.
Estou onde quis. Não que seja perfeito. "É da Globo". "Qual Globo?!". Agora, há mais de uma. Não! Não sou dos que aparecem! Sou dos que fazem questão de ficar longe do vídeo, longe da foto, longe do discurso bonito que, talvez, eu mesmo escrevi. Ali, meio de lado. A autoridade necessária, a obediência esperada.
E alguém me fala que isso aqui não é para quem gosta de "aviãozinho", é pra quem "é bom", eu digo que sim. Que posso ser bom. Digo que o mundo é muito maior agora. Mas sei quem sou. E também sei, com toda força, que quando a gente se pega sorrindo pelo trabalho que acaba de receber, quando AMA o que faz, quando AMA sobre o que escreve, a cadeira fica macia e por mais que canse, no fim do dia, pensar... Estou aqui. Estou onde quis estar. Meu lugar.
Lugar longe. Lugar que dói. Lugar de estar perdido. Ruas que não sei o nome - é que elas não os têm. Rostos desconhecidos no corredor - e tantos "boa tarde", "bom dia", "obrigado" que trocaria por uma só conversa amiga.
E saudades. E saudades. E saudades. Saudades do que ficou há tempos, mas sempre esteve cá comigo. Saudades do que parecia novo, e hoje é antigo. Um viver que parece um eterno adeus. Datas que tanto trazem, tanto levam! De quando a gente conta os dias pros dias passarem logo, só para depois sentir falta deles.
E dentre tantos sentimentos, lembro do suco de goiaba dos almoços só com a minha mãe. Quando morava a dois quarteirões e já era longe. De uma passagem de luxo trocada por duas simples só porque eu queria ver a estrada. Da estrada de dois mil setecentos e setenta e cinco quilômetros muito bem contatos, seis gols e fotos que não sei onde estão - mas nunca, nunca, nunca vou esquecer do meu pai. E hoje só tenho uma foto deles.
E basta-me. Qualquer avenida dupla sem nenhum carro passando por ser minha casa se eu fecho os olhos e sinto aquele vento que só tem lá.
Estou onde quis. Não que seja perfeito. "É da Globo". "Qual Globo?!". Agora, há mais de uma. Não! Não sou dos que aparecem! Sou dos que fazem questão de ficar longe do vídeo, longe da foto, longe do discurso bonito que, talvez, eu mesmo escrevi. Ali, meio de lado. A autoridade necessária, a obediência esperada.
E alguém me fala que isso aqui não é para quem gosta de "aviãozinho", é pra quem "é bom", eu digo que sim. Que posso ser bom. Digo que o mundo é muito maior agora. Mas sei quem sou. E também sei, com toda força, que quando a gente se pega sorrindo pelo trabalho que acaba de receber, quando AMA o que faz, quando AMA sobre o que escreve, a cadeira fica macia e por mais que canse, no fim do dia, pensar... Estou aqui. Estou onde quis estar. Meu lugar.
Lugar longe. Lugar que dói. Lugar de estar perdido. Ruas que não sei o nome - é que elas não os têm. Rostos desconhecidos no corredor - e tantos "boa tarde", "bom dia", "obrigado" que trocaria por uma só conversa amiga.
E saudades. E saudades. E saudades. Saudades do que ficou há tempos, mas sempre esteve cá comigo. Saudades do que parecia novo, e hoje é antigo. Um viver que parece um eterno adeus. Datas que tanto trazem, tanto levam! De quando a gente conta os dias pros dias passarem logo, só para depois sentir falta deles.
E dentre tantos sentimentos, lembro do suco de goiaba dos almoços só com a minha mãe. Quando morava a dois quarteirões e já era longe. De uma passagem de luxo trocada por duas simples só porque eu queria ver a estrada. Da estrada de dois mil setecentos e setenta e cinco quilômetros muito bem contatos, seis gols e fotos que não sei onde estão - mas nunca, nunca, nunca vou esquecer do meu pai. E hoje só tenho uma foto deles.
E basta-me. Qualquer avenida dupla sem nenhum carro passando por ser minha casa se eu fecho os olhos e sinto aquele vento que só tem lá.
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