segunda-feira, dezembro 31, 2012


Tive insônia há um ano. Exatamente um ano.

Mas, quando venci a angústia, me permiti uma última ilusão de criança: fechei os olhos e fui dormir tendo mãe pela última vez.

Fui acordado 5h30 da manhã. Liguei o computador, comprei duas passagens, pegamos as malas já prontas e vim no voo das 9. Virei o ano com gosto amargo de suor, lágrima e luto.

Aos vivos, 5 dias de dor contida para enfrentar a burocracia. À morta, nada mais podia fazer. Nem ajudar, nem dizer. Só exemplo, só lição. Bons e ruins. Noites longas e certezas.

Hoje, eu me orgulho de 2012 ter sido o melhor ano da minha vida. Bom o suficiente para durar para sempre.

domingo, dezembro 30, 2012


Como superar a crise dos 30 ?!
Vivendo 30 anos. 

O mesmo serve para a tal crise dos 20. E aposto que para os 40, 50, 60, 70, 80 e 90 também. 

Saber que o medo tão grande de agora vai ser uma leve lembrança daqui a pouco. A indecisão, uma risada lá na frente. E o que é bom, ainda melhor. 

Mas eu não sei de nada disso. Não consigo ter calma. Não consigo não ter medo. Não consigo me dedicar só ao melhor.

Consigo, unicamente, permanecer ao lado do ser humano mais intrigante que conheço. E que hoje completa 29, não 30. E sorri no aniversário como quem vê o tempo feito caminho, não limite, ansiosa pra se dizer mais velha.

E, sem sentido nem razão, faz tudo ter o melhor sentido.

segunda-feira, dezembro 17, 2012


Eu não acredito.
Eu não acredito no fim do mundo.
Eu não acredito que alguém acredite no fim do mundo.

Mas, se por uma ironia do universo o mundo se acabar, eu vou morrer muito feliz.

E só nisso me basta acreditar.

domingo, dezembro 02, 2012


É que teu corpo não será mais suficiente aos meus sonhos.

Lamento, querida, mas um dia não terá mais o mesmo café na cama, beijos dedicados e atenção total de mim. Vou partir-me em atenções e, por vezes, poderei ser pouco aos teus anseios.

Você muda, agora. Suas formas crescem diferente do que eram antes. Está cansada, não implora, mas pede-me, solicita-me, e até atendida. Mas uma hora, não mais. Teu corpo não será mais suficiente aos meus sonhos.

Usei-te. Você sabe. Aproveitei cada gota de suor e suspiro ao pé do ouvido que podiam vir de ti. Não só eu, mas você também me usou. Me quis, me desejou. Agora, ainda mantêm-se viva. Mas não somos mais só nós dois.

Hoje te beijo, hoje te desejo, hoje te quero, hoje me deito só ao teu lado. Tão em breve, não será só por ti por quem vou trabalhar e acordar à noite por qualquer vontade. E teu corpo não será mais suficiente para conter todo o meu amor.

Mas até lá, minha linda grávida, é teu corpo que reúne as duas pessoas que mais amo nesse mundo. Aquele ou aquela que há de vir, e você, eterna, cujo corpo pode realizar todos os meus sonhos.

Do meu rosto imberbe de jovem apaixonado ao homem do espelho que vai se acostumar ao chamado de Pai.

quarta-feira, novembro 14, 2012


Sou ateu e me considero "ateu praticante", isto é, sempre busco mostrar os pontos de vista do ateísmo. Por que isso?!

Não sou contra a religião. Já recomendei muita gente que vá para a Igreja - Se acredita, acredite de verdade, viva a sua religião, tenha a sua fé, siga seus princípios e seja feliz. Podemos conviver perfeitamente juntos.

Acho que a coisa abominável do mundo é a pessoa ter religião apenas na hora de pedir ajuda ao transcendental (deus como um supertrunfo pessoal), na hora de ter preconceitos (deus como uma razão absoluta própria) e na hora de apontar os pecados alheios (deus como uma escada moral).

No entanto, não creio que os ateus devam "combater" isso. Ficar longe de pessoas assim é uma postura pessoal; evitar que os fiéis sejam assim é papel dos seus padres, pastores, mestres, etc.

O ateu, no entanto, não pode é deixar que o senso de muitos se torne a regra para todos. O ateu não pode deixar pensarem que ser ateu é sinônimo de ser mal. O ateu, igualmente, não pode ver questões fundamentais, como aborto ou células-tronco, serem dragadas por um tipo de pensamento que náo é válido para um país Laico.

Há muitos ateus que são apenas revoltadinhos e que mais cedo ou mais tarde acabam mesmo é encontrando Deus. Revolta metafísica é exclusividade de deístas. Ateus não são indiderentes à ideia de Deus (como também não podemos ser do conceito de Papai Noel ou de dragões que cospem fogo), mas indiferentes à ideia de presença de deus, seja nos bons, nos maus ou nos assustadores momentos.

No entanto, ateu é um ser humano. E o ser humano costuma reagir quando submetido a uma pressão descenessária, vulgo injustiça.

sábado, novembro 10, 2012

Hoje eu queria ser um piloto de caça.

Decolava agora, pousava em Brasília, seguia pra Fortaleza, voltava pra Brasília e depois devolveria o avião do mesmo jeitinho, prometo. Até pagava lavagem com polimento cristalizado.

Não queria ganhar guerra nenhuma. Nem ia fazer manobra. Nenhuma, juro. Queria mesmo só o poder de viajar com a velocidade dos meus olhos no mapa.

Procurei supersônico na Localiza. Não tinha. Nem na Unidas.

Só queria isso. Só por hoje.
Brumas. Poema necessita Brumas
como pôr-do-sol, o sol,
noite de luar,  lua
histórias de amor com mulheres fogosas, as cujas.

Uns dezesseis, vinte versos
dos quais poucos vão lembrar
Mas uma frase marcante, memorável
que uns tantos decoram, com ou sem nexo.

Seja brumas, sol, luas, putas
frase feita findará finita
como eterna sazonal verdade
factível às versões suas.

quinta-feira, novembro 08, 2012

Fé é achar o máximo Jesus tirar uma legião de demônios de um louco, passar o "pacote" para os porcos e estes, literalmente endiabrados, morrerem no mar (Marcos 5).

Humanidade é ficar preocupado com os donos dos porcos, coitados, que levaram um baita prejuízo. 

Dois mil porcos mortos! Dava pra vender toucinho suficiente para contratar um exorcista que causasse menos prejuízo. Ou um bom psicólogo, de preferência.

sábado, novembro 03, 2012

Vou fazer uma frase forte. Tão perfeita que vão dedurá-la de feita. Poder ser Caio F. Abreu, Lispector ou Joaquim Barbosa. O importante é que seja cheia, mesmo vazia conteúdo. Vão compartilhar, vão apócrifar, vão inventar mais 2 ou 3 autores e, quem sabe, vão me enviar, compartilhar e até orientar. 

Oh, Bendita frase! Que comece com uma consoante, posto que as vogais são tão poucas, e comuns. Pode s
er um símbolo, mas não aspas, covardes aspas feitas só pelos outros. 





Minha frase-feita terá começo e meio. O fim deixaria findar nas cabeças bestas sem juízo, pormenor e só muito estopim. Acno que preciso de um verbo, creio ser bom adotar a próclise. Um travessão que a atravesse, um ponto vírgula que a derive feito Pangeia moribunda. 





Porque a ideia, senhoras e senhores, não é existí-la. É dizê-la porque sim; fê-la porque mim.

sábado, outubro 27, 2012

Aos psicólogos/psicanalistas, pura diversão parte 2:

Eu ia dormir na Base Aérea dos Afonsos, mas a Ariadne estava no Rio. ”Vamos para o Galeão, lá é melhor”, eu disse. Ela então roubou um C-95 e pilotou ultra confiante até o aeroporto. Chegando lá, ao invés de pousar na pista, ela pousou perfeitamente na avenida em frente à Base. Os motoristas desviavam feito louco e eu gritava: ”maluca! A gente vai ser preso!” Mas foi um pouso perfeito, manteiga. Ela freou e passou pelo portão sem se identificar. Ela então estacionou o avião ao lado de um AH-64 Apache.

quarta-feira, outubro 24, 2012


Amo Brasília.

Mas não é pelo seu maravilhoso céu. Nem as árvores. Ou o clima agradável.

Brasília tem uma gente diversificada, tem uma arquitetura fantástica, tem uma história incrível.

Mas não é por nada disso que amo Brasília.

Amo Brasília porque, quando o avião pousa aqui, é uma contagem regressiva de minutos para minha cama, meu travesseiro e minha Ariadne.

Porque aprendi que Lar é, sobretudo, um estado de espírito.

segunda-feira, outubro 22, 2012

Aos psicólogos / psicanalistas, pura diversão:

Sonhei que estava na Base Aérea dos Afonsos, zona Oeste do RJ, perto de Sulacap, e precisava ir de bicicleta para a casa de um amigo perto do Maracanã. Com a minha mulher (!) e a minha mãe (!!!) na garupa.

Antes de dormir, conversando com um cara de lá, eu disse: "Não gosto muito do Rio de Janeiro, mas moraria lá por um bom trabalho". 

Eu preciso ir pra casa.

segunda-feira, outubro 15, 2012

A primeira vez que voei na vida foi no dia 16 de novembro de 2004 (eu já tinha 20 anos). Foi no KC-130 matrícula 2462. De cara, o destino me sorriu com uma missão de reabastecimento em voo.

Lembro de pensar: "não pisca o olho que tu nunca 
mais vai ter na vida uma chance dessas".

Felizmente, já tive várias oportunidades semelhantes. Mas hoje foi especial. O 62 me recebeu mais uma vez. Não eram os verdes mares, mas o verde Pantanal.

É bom trabalhar com o que se gosta.

segunda-feira, setembro 24, 2012


Pensei em escrever uma verdade. Iam deduzir minha mentira.
Aí optei por um desabafo. Aí seria mal visto.
Conclui uma crítica. E nem sei em quem acertaria.

Cerrei os dentes, molhei o cabelo e prossegui no dia-a-dia.
Bom dia, bom dia.

domingo, setembro 23, 2012

Eu, Ateu, vejo a confusão dos religiosos e penso: ”meu deus”.

Também rola ”ralaminhanossasenhoradobomparto”

sábado, setembro 22, 2012

Eu moro em uma cidade onde se vibra quando chove.

E nasci em um onde já se vaiou o sol.

sábado, setembro 08, 2012

17h00.
E hoje ainda nem toquei na porta de casa.

Eu adoro isso.
A morte só tem uma eternidade.

A ausência eterna para quem fica.

quinta-feira, setembro 06, 2012

Às vezes um dia ruim é bom só pela certeza de que terei miojo, pão de queijo, big bang theory e alguém para dividir essa noitada

domingo, agosto 26, 2012

A música mistura tons em quase silêncio, as luzes se desfazem por trás da cortina e a respiração ao lado se acalma ao ritmo do leve movimento do pé sob o lençol. 

Boa noite, noite. Boa noite.

sábado, junho 30, 2012

Última noite aos 27. Idade que um dia significava ser adulto. 
Penso na minha mãe. Se quero passar dos 70, é certeza da maior parte da vida ser essa ausência.
Estranho.


Passei anos com pena dos futuros filhos do meu irmão. Agora, o primeiro vem aí. Penso sempre, não sei por quê, como ela. Agora que ela vem, parece a hora certa. Fico feliz como nunca pensei que ficaria.
Estranho. Que bom.


Minha professora de espanhol ri de uma piada minha e diz que surpreende. "Quem vê pensa logo que é um homem tão sério". 
Estranho. Mas deve ser só o excesso de faltas.

segunda-feira, junho 25, 2012


Rio dos meus pesadelos, mas eles me pesam do mesmo jeito. Enganam-se em tempo, mas ensinam que dor ignora tempo. Ela se oculta, não some, fica em segundo plano, não passa. 


Rio do meu dia a dia, sorvo manhãs, degusto noites e aproveito o calendário. Faço do viver a prática da teoria dual. 


Comparo vidas, ainda comparo, confesso. Perco conceitos de vir a ser; concluo o estável devir atônito como reles hebriedade. Vejo-nos como poucos. Os raros. Os mesmos.


Eis.

segunda-feira, maio 14, 2012

A gente se reinventa.


Se der errado, o tempo cura. Se parecer o fim do mundo, que ressurja. Se fugir do plano, aceita. E depois fim o início chega. 


Se o óculos ficar no rosto, que fique. É só apertar um pouco no nariz que dá certo. Atrás da face escura há um rosto que sorri.


segunda-feira, março 12, 2012

Sou cético.
Ou ascético.

Não encontro meio termo. Infelizmente.

sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Trabalhadores esperam no ponto de ônibus.
Cristãos esperam a volta de Cristo.
Comunistas esperam a quebra do capitalismo.
Eu espero entender um pouco de algo.

Pontos de vista se sustentam sobre nada.
Ideólogos inserem palavras no mundo.
Políticos discursam enquanto estão mudos.
Eu paro e leio um pouco de tudo.

Medos vencem a coragem de muitos.
Vontades vencem conceitos aos tantos.
Ideias se partem em prantos.
E eu me sinto parte. De nada, de tudo.

quarta-feira, janeiro 11, 2012

No final, o que me importa não são os ítens (alguns novos e guardados) de cozinha que ganhei; não é uma foto posada de um quadro bonito; não é a palavra dita por um padre pago; não é o diagnóstico impreciso do médico; não é a descrição das últimas horas e do último suspiro.

Pra mim, fica uma incompletude simples, como uma pessoa que foi na padaria e deixou de ver o filme comigo, mas não volta.

Não vou lembrar da minha mãe por datas, por sua morte ou por seu pó.

Minha mãe, agora, pra mim, é um sujeito abstrato, um sentimento, uma ideia aconchegante, um apego agora desapegado.

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Me matar ou viver.

Como a primeira opção não me apetece, decidi ouvir "Where the streets have no name" como um bom retorno a minha terra não-natal.

Mas parecia o dia em que eu fui andando para a padaria, sozinho, pela primeira vez.

sexta-feira, janeiro 06, 2012

Viro o ano com a simples vontade de ver o tempo parar. Não mais agora, mas em algum ponto passado que vivi. Que tenha sido bom, que tenha sido completo. Uma época, talvez, em que eu tenha sido criança e adulto ao mesmo tempo. Tenha sido filho e esposo. Tenha tido minha própria vida mas com o doce sabor de sentar em uma mesa com uma comida feita para si como por direito. De poder ir para onde quiser, mas ter certo o onde voltar. Ter referência de onde tudo, como por um passe de médico, pode fazer sentir como no começo de toda uma vida.

Eu preferia que 2011 tivesse virado 2010. Ou 2009. Ou 2008. Ou 2007. Ou 1984. Bastava ser um ano qualquer em que eu tivesse mãe.