sexta-feira, dezembro 23, 2011

Minha primeira Peça para Teatro:

"Sonho de criança"

Ato Único

Criança com pirulito na mão. Professora com vestido florido. Cenário brasiliense ao fundo.

-Joãozinho, o que você quer ser quando crescer?!
-Eu quero ser burocrata!
-Burocrata?! Mas não é mais legal ser astronauta?!
-Não! Burocrata tem estabilidade, salário alto e vai embora 5 horas!
-Mas Joãozinho, ser bombeiro é mais radical!
-Radical nada, quando eu crescer eu só vou querer me dar bem
-E ajudar as pessoas não é mais legal?
-Elas que trabalhem muito para pagar meu salário!

Pano rápido

Fim

quarta-feira, dezembro 21, 2011


"A esperança é o bem que mais se consome e aquele que menos se esgota."
Octave Feuillet

E lucidez é rir de si mesmo quando pega o próprio cérebro em flagrante criando pensamentos que pensam que são morfina.

Eu faço uma ou duas perguntas e cada um se desfaz em uma nuvem de lógica.

Não vou deixar ninguém me enganar. Nem eu mesmo.

sexta-feira, dezembro 16, 2011

And the nightmare rides on,
and the nightmare rides on
With a december black psalm
And the nightmare rides on
A única hora verdadeira fria em Fortaleza é a sexta da matina.

A luz chega bem rápido e dá pra ouvir pássaros e um ou outro galo perdido. Chance única de ter lençois frios e um quarto na penumbra.

Creio que entre 1986 e 2001, meu mais sincero e real desejo dos dias úteis foi que nesse horário, após me acordar, minha mãe me concedesse o júbilo de voltar para a cama.

Ela nunca deixou. E levou ainda alguns anos para perceber que ela levantava ainda mais cedo.

Então hoje, como uma homenagem meio torta, às seis da matina eu vou colocar o "espinhaço" no fundo de uma rede. Antes, um beijo na testa de "boa noite, já é de manhã".

A resposta é previsível: "Ai vai". "Berel"

quinta-feira, dezembro 15, 2011

"E todas as pessoas que falam pra me consolar
Parecem um bocado de bocas se abrindo e fechando
Sem ninguém pra dublar"


terça-feira, dezembro 13, 2011

Você come só uma barra inteira de chocolate ou aceita um pedacinho?

Só quer se for férias ou se contenta com um feriado no meio da semana?

Aceita somente uma noite de sexo ou já fica feliz com um beijo apaixonado?

Deseja somente a plenitude ou já fica feliz com a felicidade simples?!

Pois bem: uma mãe que só mexe uma perna, não lembra da metade do que fala e tem pouco tempo pela frente já é capaz de me fazer muito, muito, muito feliz.
A melhor decisão da minha vida foi não trabalhar na área de saúde.

Eu passo 1% do tempo ajudando, 17% pensando em como ajudar, 22% decidindo a melhor forma e 60% achando que podia ajudar mais e melhor.

segunda-feira, dezembro 12, 2011

A mente faz esforços gigantescos para se manter ativa.

É tocante

sábado, dezembro 10, 2011

Lágrimas, risos incontidos, consideração, non-sense.

A última parte da vida da minha mãe é, definitivamente, a cara dela.
— em Fortaleza.
-Mãe, quem eu sou?
-(...)
-Mãe, quem sou eu?
-(...)

Então eu abracei a Ariadne. Ela nos viu juntos, sorriu e disse:

-Ahhhh vocês dois...

sexta-feira, dezembro 09, 2011

Só mais algumas horas e vou ouvir uma das frases mais bonitas que podem ser pronunciadas em língua portuguesa.

Ei-la:

"Sejam bem vindos ao Aeroporto Internacional Pinto Martins"

Que me dera uma roupa démodé.

Fora de moda, inadequada. Um sucesso nos anos 60, ridícula, hoje. Colares grandes, bolsa colorida, má combinação de peças. Mas tudo isso embaladinho, com presente encomendado para quem tentaria me convencer que lasanha, pode sim, ter pedaços de pimentão.

Eu discutiria, eu a acharia ultrapassada, eu até riria. Já fora do alcance educador, mas ainda pleno de consideração, trocaria presentes antiquados por lembranças voltadas para a criança que já não sou mais.

Teria centenas de palavras, milhares delas. "Brega", "ultrapassada", "museu", "velha", "véia". Conviveria com uma velha como livros antigos empoeirados, mas que gostamos de vê-los na estante. Pelo menos para vê-los.

Eu traria na minha mala as peças de roupa démodé. Eu sentaria por horas para ouvir considerações com base em pensamentos de antes do meu nascimento.

Mas, de onde vim, das entranhas que eu não vi me parir, não há mais espaço para moda antiga nem de hoje. Nem palavras engraçadas, nem presentes bizarros. Não me resta a alegria de escolher sequer um livro, um filme ou o pedido "faz aquela lasanha para mim".

Minha orfandade cresce como meu medo e meu temor, ocupa o vazio da esperança deixada e, cada dia mais, deixa de ser pesadelo para se tornar tão real. E eu ainda queria só agradecer até pelos Não que recebi por muito merecer.

sexta-feira, dezembro 02, 2011

Não sei como eu me surpreendo com o Facebook.

Em 2004, a discussão mais importante do mundo era se poderia existir um "Marxismo Esotérico".

Minto.

A maior discussão do mundo era se estávamos falando de "Marxismo Esotérico" ou "Marxismo Exotérico".

terça-feira, novembro 29, 2011

Natal, primeiro, era a torcida pra ganhar do Pai e da Mãe o brinquedo desejado (Lego dos Bombeiros)

Natal, depois, era o pedido desesperado para o Pai e Mãe não repetirem a música sempre repetida (Ei irmão, vamos seguir com fé!)

Natal, por fim, se torna um desejo incontido de simplesmente conseguir encontrá-los.

sábado, novembro 26, 2011

"O tempo não perdoa o que se faz sem ele"

Joaquim Nabuco
É fácil ser Revolucionário.
É fácil ter pensamento de Ditador.

Difícil mesmo é ser democrático quando ouvimos algo que a gente odeia.

segunda-feira, novembro 21, 2011

"-Ah! O senhor é o corredor?
-Corredor?
-É! Eu sempre vejo o senhor correndo lá pela quadra."

Pronto. Fiquei conhecido como "O Corredor". Ganhei o dia.

segunda-feira, outubro 31, 2011

Eu não amo mais minha mulher.

É essa a verdade. A gente pode insistir, tentar não ver os fatos, fingir que não é a gente. Mas a vida é assim.

Há tempos que o que temos não é mais uma relação de amor. Isso ficou no passado.

O que temos hoje, eu chamo de simbiose. É muito mais. Somos dois seres vivos que não podem viver separados. 

Ainda não somos um Lírio, mas já somos quase um Líquen.

Só não sei o que dizer quando ela chegar em casa. "Eu te amo" é fácil, moleza. Mas e agora?! "Eu te simbóio"?!

quinta-feira, outubro 20, 2011

Aeroporto assim. Do jeito que o diabo do atraso quer. Não é feriado nem data especial. É uma quarta à noite. Tem gente no futebol, tem gente na TV, tem gente na aula de inglês e vários outros suam na academia. Mas como ainda tem gente aqui!

Desse lado da asa as caudas são todas vermelhas. Uns só cinquenta metros à esquerda e eu iria alguns milhares de quilômetros mais longe. Où je pouvais parler un peu de français o un poquito de mi español. Não sei pra onde vai. Tem o nome Brasil escrito na turbina com o A destacado entre linhas do que sei que é um reverso.

Tento reverter meus pensamentos e querer mais uma vez um carimbo no documento que não sai da pasta de documentos. De documentos, é claro, só podia ser, coisa mais óbvia, ora mais. Quero um carimbo com gosto de lanche barato para economizar trocados de moeda de rostos estranhos que pouco fazem volume na mão mas que pagaria uma pizza inteirinha lá em casa. Com uma coca grande e entrega. E borda.

Folheei as folhas cheias de mapas e traços de linha de metrô, com nomes esbeltos terminados sempre com vogais que, eu sei, a gente não fala, muitos ês e alguns ôs. Îê Iê. Uô Uô. Vou dedilhando tabela de cifrões na espera, parece eterna, de trocar só o ensaio de bizarras tônicas por um simples e sonoro yeah de sim, eu fui, eu fiz. Foi feliz. Sorriso até com nariz.

Vou dormir tarde, mas acordar cedo. Ir andando onde há adesivos grudados que pedem aumento para quem não tem talento de ser aumentado como onde se aumenta por algo alto. Às vezes bravio. Mas eu nem posso haver adesivos nem ter o nome em lista de agraciado que não se limite ao grado. Eu quero é andar. Pra frente, de preferência.

Levo na lapela o ouro dourado, falso, é claro, do desenho ainda só desenho do jato falado para que o pessoal dos aumentos aumentados dê melhor trabalho para os das suspostas competências por ordem de chegada. Ah, Meu aviãozinho lindo! O que terá na tua janela quando for a hora de eu te ver decolar?

Eu ia escrever Hádesivos. Mas fiquei com o "Há Adesivos". A gente até meio que torce pra sumir com um A. Mas se eu não for lido é o mesmo que não ter escrito. Á Á Á.

domingo, outubro 02, 2011

O mar não é mais que água violenta. Vida e morte. Como um sangue asqueroso e grosso que gruda nas paredes das minhas veias da cabeça e do coração.

São só alguns passos da areia às pedras molhadas, à violência de uma onda, uma parte de mim quebrada. Mais rápida, mais sincera, mais correta que a pane interna.

Ossos partidos por força, não por fraqueza. Como uma consequencia da vida, e não a proximidade da morte. Pelo menos ter o céu e a praia como última vista. Melhor que uma perede branca, seja ela de onde for.

E a voz no telefone pede para mais tarde, já não mais me entende e engole sílabas como quem reduz seu tempo. E cada noite que eu consigo dormir sem ter tido suor no rosto é a minha dúvida.

Do céu ser só uma pintura branca. Ou uma imagem que vai se distorcer com meu sangue onde não devia. Como uma onda que invade a terra. E espanta pássaros, como leva embora a vida.

Et de chansons d'amour
La mer

Que meus filhos não sejam só uma permissão literária.

domingo, setembro 11, 2011

Sol se põe em fundo diferente. Em mata de Araucária transitória aos Pampas. E meu corpo ainda quente de Amazônia esfria nos passos da corrida que agora é pela vida.

Penso no sangue nas veias e o desejo mais saudável. Corro rápido para me sentir vivo.

Para me sentir vivo.
Para me sentir vivo.

Quero muito parar de andar na corda bamba entre risos e lágrimas de uma vida decidida.

Faz calor.
Faz frio.
Faz tempo seco.
Faz chuva.

E meu corpo é um pedaço de carne revolto de constante saudade.

segunda-feira, setembro 05, 2011

língua é lida dita falada cada palavra bem vinda mal dita instintiva surgia das entranhas sem banhas da terra enfadonha como ela sem gana sem... levanta anda fala palavra cansada da dicção estranha de to-d-as bananas poetas singelas corru-p-tela dada, simplória, amorfa.

como amoras como qualquer fruta, como tuas, tua nua crua flora farta dentre penso sobre sobe trás dentro teso.

E se não o for, nada mais o é.

sexta-feira, agosto 19, 2011

Adoro pensar no mapa como um lugar amigo, com pontos, às vezes fixos, às vezes se questionando diretamente. Cada um deles um ser que amo, uma voz que se perde no mal sinal do celular. Não penso o mundo sob os pés, mas nossas vidas sob o firmamento.

Minha viagem deveria ser ao contrário. Fiz uma volta longa, longuíssima, de mais de 3 horas de avião, mais de um dia em trânsito. É tempo. Tempo intencional. Cojunto de muitos infinitos cinco minutos da amplitude de toda a vida. A cada curva penso nos abraços, penso no futuro e no passado. A viagem deveria ser ao contrário. Na chegada, eu iria só expelir vida.

quarta-feira, agosto 03, 2011

O difícil é não se emocionar. Mas a gente respira, disca números, atende ligações e só tenta deixar para depois.
Mas saber o que aquelas palavras significam. Não são números ou só nomes que a gente confirma.


O iPhone ficará sem música, pois simplesmente não há mais ouvido para ouvir. As folhas da agenda, caprichosamente, pousaram com os dados pessoais abertos. Folhas como as minhas.

Na pasta aberta, um código de barras. Uma conta que não vai ser paga. Uma conta que vai gerar juros. Vai rolar a dívida.

Que não seja de uma casa nem um sonho qualquer.

segunda-feira, julho 18, 2011

Eu não acredito em deus.
Eu não acredito em céu.
Eu não acredito em paraíso.
Eu não acredito em salvação.

Mas, de alguma forma, eu acreditei sempre em redenção. Renúncia e Redenção.

Sempre.
Talvez não mais.

E certa vez, entre hinos e falta de sono, eu tive um pesadelo. Deveria cantar Creep sem desafinar.


I wish I was special
So fucking special
But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here

terça-feira, julho 12, 2011

Depois do quase terceiro quilômetro, a música ficou até mais lenta, e falou em voz francesa nos meus ouvidos. Relaxei o passo. O ar crepuscular frio foi reconfortando as pernas que já queriam incomodar. Mas elas aguentaram firme.

Então eu pensei que era bom ver o sol indo embora por trás das montanhas. Como é relaxante pensar que em uma cidade dita maravilhosa, é o frio com o sol sem força que me encanta. O prazer de ver o pouco visto.

Pensei na casa de antigamente, pensei na casa atual. Pensei na casa futura. Pensei na que ainda nem sei onde será.

Aliviei mais as passadas, troquei a música, e movi os braços para me aquecer.

quinta-feira, junho 30, 2011

É inevitável
É inevitável
É inevitável

Não ver um fim só é possível com o próprio fim. E eu fui preparado para tal. É inevitável. Se eu já sabia, por que incomoda assim?

segunda-feira, junho 27, 2011

Me sinto como que alçado a um futuro distante rápido demais. Olho os homens de barba e as mulheres de calças sérias e imagino como eram há 10, 15 anos.

Pago minhas contas, uso anel na mão esquerda, planejo paredes e possuo rodas. Mas, sinceramente, não me sinto ainda como quem já terminou o colégio. Não mesmo.

Parece que, como quem desperta de um sono, eu vou voltar a qualquer momento para esperar o carro às 17 horas e ir para casa. Alguns tarefas a fazer e o desafio de no dia seguinte ir de perfume em busca de algum sucesso.

Torcer pelas terças e quintas por ser dia diferente, e planejar almoçar bem para conseguir guardar dinheiro. A meta é ter 8 reais por semana. Em um mês, faria mais de 30. Já o suficiente para ir ao cinema no horário mais barato, com lanche e passagem.

Penso em ainda pensar as escolhas para depois do terceiro ano. Puder mudar a vida inteira dependendo do último livro. Um dia, professor. No outro, ainda piloto. Mais um, arquiteto.

Esperar o fim de novembro por dois meses sem nada. E, hoje, imaginar que a vida poderia ir além de acordar tarde. Queria aqueles dois meses, agora. Iria a muitos lugares. Faria muitas coisas. Aprenderia outras tantas. E ainda tinha todas as manhãs. Todas.

Fazia planos simples. Tão simples quanto roteiros de filmes ruins. Na semana, esperava o pão do fim do dia e olhava com certa alegria para a lata velha que às vezes só tinha uma só opção de biscoito. Aos domingos, soltava sorriso aberto ao ver minha mãe meter cheiro verde no macarrão.

Minha mãe. Que não sei de onde tirava forças para roupas de cinco em litros de água, quilos de sabão e somente a força dos próprios braços. E trabalhava. E cozinhava. E limpava. E pagava as contas. E ensinava. E inventava.

Inventava que um ônibus que até passava pelo Centro e ia para uma praia pouco badalada podia ser um dia agradável. E convencia. E deixava o almoço já preparado a espera. E. se contava as moedas, não me fazia perceber. E eu sorria.

Sinto uma expectativa, esperança até, que isso tudo é só uma história muito criativa para minhas peças de Lego jogadas no chão em uma ordem e roteiro impossíveis para outros meninos bobos. Sim, eu elaborava detalhes que envolviam até cartão de crédito e partidos políticos.

É só eu conseguir fechar um pouco mais os olhos que os gemidos de dor que eu ouço agora vão se revelar só meus fantasmas de quando ficava só entre as 17h50 e 19h00. Daqui a pouco eu vou ouvir da casa ao lado que já começou Perigosas Peruas e vou guardar cada pedacinha no saco de supermercado.

Vou deixar tudo dentro do meu guarda-roupa e esperar para abrir o portão. O Del Rey vai sujar o azulejo branco do chão com um pouco de terra. Vão me dizer que já passaram na Padaria e que só demoraram um pouco mais porque os meninos tiveram quinta aula.

Eu só estou angustiado assim porque hoje é noite de terça e acabei brincando mais que deveria. Não fiz minha tarefa de casa. Não cumpri o que eu mesmo aguardava.

quinta-feira, junho 23, 2011

Uno Uno Romeu. É de onde parto. Dessa vez, para onde tão bem conhecia. Vou sobrevoar a Lagoa, passar ao lado do Pici, ver a Parangaba se tornar maior. Vou pousar e sentir o ar quente do avião.

Mas viajo tenso. Viajo de preto. Viajo no alívio de não precisar acordar mais todos os dias com medo de ser como um personagem do Camus. Não receberei telegrama. Talvez eu veja. Talvez esteja presente. Talvez só me espere para ir.

Olho para o meu dedo e vejo uma aliança. Olho no espelho e vejo que, mesmo tirada todos os dias, há uma barba ali. O rosto já não é mais jovem, e já não sou criança. E quem eu via como adulto, ficou velho.

Se voltasse no tempo e contasse quantos anos eu ainda a teria, talvez desse um desespero. Há dez, conquista era guardar 20 reais. Há cinco, ainda perdido, ainda sem certezas de futuro. Há tão poucos, ainda feliz com o gosto gostoso de suco de manga quando já recebia convite para almoçar onde antes chamava de casa.

Olho as horas e, de repente, esses 180 minutos sem sinal me dão desespero. Queria um VHF. Queria um satélite. Queria unicamente saber como será quando eu voltar. Como será quando eu ver esses dias como quem olha para trás. Quando será minha vez de fazer o suco e até chamar para almoçar.

Uno Uno Romeu. Manetes em posição e agora é para valer. O bom e velho ciclo da vida.

terça-feira, junho 21, 2011

Em Brasília, 2 horas e 53 minutos.

Da manhã. Tenho medo do vento no pescoço, dos barulhos da rua. A mente vai e volta e contorna. Chego à pomba atômica da paz, bomba atômica que mata devagarzinho. Preciso dormir.

Sinto saudades, mas é saudades controladas. Até exagero na noite, todavia os horários me ajudam. Imerso-me em palavras perdidas mas volto para olhar se ficam repetidas muito próximas uma das outras.

As pernas dóem do exagero da corrida. Penso nas calorias queimadas na expectativa de centímetros irem embora. As calças ainda entram, não me importo. Tenho medo é medo de um dia ficar doente.

Ficar doente e deixar de passar noites acordado. Noites de saudades. Noites sem chocolate, sem álcool. Noites radioativas, mas sem cara pálida. Noites em que enlouqueço na cozinho. Olhando o reflexo feliz enquanto lavo as louças.

sexta-feira, junho 10, 2011

Andei sob chuva fina, spray aquoso que não molha, e resfria. Fechei meu casaco e baixei a visão. Ajustei o som e comparei Auf Der Mar com Lechantain.

Nos pés uma mistura de água e barro. Um céu lindo e um cartão postal. Pensamentos do mundo, pressa no pulso. Mais um dia.

Sou feliz em amar a sexta. A sexta de manhã. De riscar as frases com verbos, escritas com minha letra. Traçar planos até para cabelos brancos. Ou inexistência deles.

Adoro ir trabalhar a pé
Adoro caminhar na chuva
Adoro ter um fone de ouvido

Adoro quase aos 27 me sentir como aos 14

terça-feira, maio 31, 2011



Nosso dia-a-dia é feito de materiais trabalhados. O plástico na forma perfeita. O metal que aquece e esfria ao nosso gosto. o algodão desprovido de qualquer lembrança vegetal, agora com falsas flores sobre o nosso frio de noite. Manipulamos o mundo a nossa imagem, gosto e às vezes até semelhança de tudo sem nós.

Mas a natureza nos lembra como somos manipuláveis, ainda. Que uma força pode ser maior, seja ela vinda debaixo da terra, sejam até células dentro de nós. A vida pode parecer ser feita por palavras que surgem em monitor de cristal líquido após pressão sobre um teclado.

Mas ela ainda começa, e pode acabar, com o mesmo suspiro de sempre. Bem maior que nós.

sábado, maio 07, 2011

Sinto o gosto da finitude.

Entre a doença da minha mãe, e a loucura do meu pai, o prazer de estar vivo é melhor.

Faço planos para o futuro. Que seja longo.

Penso no homem que pensa que não está só. Estaciona em lugar errado para conhecer alguém do outro lado do auto falante. Ele derrama leite sobre o chão e o mistura a lágrimas.

Vejo a bandeira queimada na televisão. Rio.

Sinto vida surgir dos dedos. Eles já nasceram. Espero dá-los uma trajetória.

segunda-feira, abril 18, 2011

Acho graça das viagens em que a cidade são paredes diferentes para os assuntos feitos do outro lado do caminho do avião. Só muda a temperatura e umidade. Torcer por uma combinação agradável. Mas dessa vez, me dei mal. O Rio sempre foi gelado para mim. Dessa vez, quente e absurdo. Suor, torcida pelo não fedor. Saudades. Mas uma saudade aplicada à decisões práticas. Amor não só para a vida, por si só, mas uma grande parceria para tudo nela. Saudades. Saudades de onde não é casa. De quem não moro mais junto. De quem está próximo mesmo sem fotos. Cada ato e frase minha são a lembrança mais forte de onde vim.
Mares de Morros. Quando chego ao Rio tenho sempre uma agradável lembrança das aulas de geografia no ensino fundamental II. Era bom. Bastava saber os fatos, nada mais. Inselbergs é o nome dado aos morros testemunhos, cristalinos, no sertão do Ceará. Ienissei, Obi e Volga são os principais rios da Rússia. Matis e Guarrigues constituem a vegetação típica do clima Mediterrâneo que, apesar do nome, também é verificado na costa oeste dos Estados Unidos. Gostava daquele tempo. Das disputadas da sala divida ao meio, e o livro mais tarde como o fim de todas as dúvidas. Sem falar de pai e mãe ao fim do dia. Hoje, o conhecimento é uma coisa estranha. Às vezes punição, às vezes desaconselhável. Às vezes, tenho certeza, secundário. Mundo estranho, esse. O livro deveria me falar de como superar as vontades, porque os fatos aprendem sozinhos a se desdobrarem em opiniões.

sexta-feira, abril 01, 2011

Aprendi a dar um nó na gravato. Sozinho, meio desesperado com o horário e... ...ficou muito bom. Onde está aquele que não usaria terno de jeito nenhum?!

Moro no bairro que termina com "Sul", e que um dia, cantando a banda que nunca vi, falei "asa azul". Agora, Z, só se for de vizinhança.

Ponho um dos PC no colo e jogo jogo jogo o joguinho que aos 8 anos tinha fila para o Master System. Conduzo Alis e Companhia, e minha mulher dorme ao lado.

Ouço Iron Maiden e consigo até sentir falta do meu irmão. Percebo que não conheço nenhuma banda de rock boa que tenha surgido nesse século. Quero quebrar CD's e picotar as revistas que busquei - por espaço, e pelo mundo digital.


Na tela, passa "Contato" e, de fato, ainda me emociono. Mas adoro a cena da entrevista coletiva. Exemplo para o trabalho. Trabalho, trabalho, trabalho. E gosto do resultado.

Mas nunca, nunca, nunca usarei tênis e sunga para correr. Isso eu me prometo.

domingo, março 20, 2011

Será a falta de vida? Ou excesso dela?!

Os dias passam, e gosto que passem. Sem um pé na rua, vento à distância, nada mais.

Movo as mãos em tarefas simples, e saio de mim, saio da minha vida. Assumo outras.

Um homem da gravata preta e blusa branca. Desde criança, sonhava em ser burocrata. Tornou-se crítico de arte. Mais talentoso que o artista é o bobo que escreve os parágrafos de palavras difíceis.

Alternância subjetiva com profundidade lírica exposta pelo autor em uma delicadeza composta pela transfiguração da hegemonia ausente em paralelo com a escassez ideológica.

Sem sucesso entre as mulheres, com dinheiro no bolso e louco. Amigo, talvez, de outro. De obras errantes sem palavras que as definam. Feitos um para o outro. E para os tolos no museu.

Vidas entre espuma nas mãos. Que sirvam para digitá-las!

segunda-feira, março 14, 2011

Desmaio é um sono que vem apressado. Vai correndo de mansinho e dando tchau para cada parte do corpo. Vão minhas pernas, meus braços, minha audição, o teto...
...acordo.

quinta-feira, março 10, 2011

O ano começa só depois do carnaval?!

Nada escrevi até agora. Silêncio-rádio, vazio, nada mais. Criei personagens que são folhas de papel, surgidos em corredores de supermercado, inexistentes em forma. Inexistentes em palavras.

O ano só começa agora, o passado acabou naqueles fogos. Entre isso, nada. Páginas no trabalho, nada. Memória e momentos memoráveis de férias na terra natal, nada.

I talk to tou, and nothing.
I huge you, and nothing.
I kiss you... and nothing.

No vazio preenchido de dias repletos, mas classificados de nada, eu inicio meu ano. Inicio as palavras. Esse ano, mais exatas.